Nascido no Uruguai, Alfredo Monti surgiu para o futebol brasileiro em 1918, depois
de uma excursão do Dublin F. C., de seu país natal, ao Brasil, promovida pelo
Botafogo. Monti era jogador do Montevideo Wanderers Fútbol Club, de Montevidéu,
e foi convidado para acompanhar a delegação do Dublin até o Brasil, onde disputou sete amistosos.
No dia 17 de janeiro de 1918, o Dublin estreava contra o Botafogo, em General
Severiano, vencendo o alvinegro carioca por 3 x 1. Assim jogaram as equipes:
Botafogo - Cazuza, Americano e Osny; Pollice, Carlito Rocha e Pino; Carregal,
Aluízio, Santinho, Luiz Menezes e Léo. Dublin - Magarinos, Monti e Urdinaran;
Orizza, Conture e Vanzzino; Acuña, Carbone, Poncini, Gonzalez e Pensalfini.
Monti ainda enfrentaria outras seis equipes brasileiras: 20.01 – 1 x 1
Fluminense, 24.01 – 4 x 3 Seleção Carioca, 30.01 – 2 x 0 Combinado
América/Flamengo, todos no Rio de Janeiro. Partiu para São Paulo e lá conheceu
sua única derrota, em 3 de fevereiro, 1 x 0 diante da Seleção Paulista. Em sua
despedida do Brasil, no dia 5 desse mesmo mês, vitória sobre o Santos, por 2 x
1.
Além desses jogos, o clube uruguaio realizou um amistoso contra a Seleção
Brasileira, no dia 27 de janeiro, no campo do Botafogo, vencendo por 1 x 0.
Após grandes atuações, Monti e outro jogador uruguaio, Eduardo Beheregaray,
foram convidados e aceitaram em se transferir para o futebol brasileiro, onde
viriam a defender as cores do Botafogo.
No período em que Monti se preparava para estrear no Botafogo, surgiu uma
questão nos jornais da época: antes de aceitos pela Liga podem os jogadores disputar
jogos? Os estatutos e o código de futebol da entidade carioca, a Liga
Metropolitana de Desportos Terrestres, prescreviam alguns requisitos rigorosos
para que um jogador, que viesse do estrangeiro, obtivesse inscrição para um
clube a ela filiado.
Fato é que sem se preocupar com esse impasse, o Botafogo fez estrear os dois
uruguaios contra o Sport Club Juiz de Fora, no dia 26 de maio de 1918, vencendo
o clube mineiro por 8 x 0. Nessa ocasião formou com Cazuza, Americano e Osny;
Edgard Dutra, Monti e Pollice; Beheregaray, Petiot, Santinho, Luiz Menezes e
Vadinho.
Após o Botafogo ter recorrido até por meio do Senador Azeredo e do benemérito
Souza Ribeiro à intervenção diplomática junto ao Sr. Balthazar Brum, presidente
do Uruguai, finalmente os passes de Monti e Beheregaray chegaram ao Brasil.
Em 14 de junho de 1918 a CBD – Confederação Brasileira de Desportos recebeu telegrama
da Associación Uruguaya de Fútbol comunicando ter a mesma concedido os passes
dos dois jogadores.
Poucos dias depois, o Botafogo tentou escalar os dois uruguaios no jogo de 23
de junho de 1918, pelo Campeonato Carioca.
Mas eles acabaram não podendo atuar, porque a CBD comunicou à Liga
Metropolitana a chegada dos passes “sob condições” e aconselhou a não tomar
nenhuma decisão sobre o caso sem que viessem novas informações.
Duas semanas depois, finalmente Monti pôde estrear de forma oficial no Botafogo,
no dia 14 de julho de 1918, no empate de 0 x 0 com o Fluminense, em General
Severiano, formando com Cazuza, Americano e Osny; Pollice, Carlito Rocha e
Monti; Petiot, Beheregaray, Santinho, Luiz Menezes e Vadinho.
No ano de 1918 Monti disputou mais onze jogos pelo Campeonato Carioca,
competição que só seria encerrada no começo de 1919, com o Botafogo terminando
na segunda colocação.
Marcou seu único gol na passagem pelo Botafogo no dia 29 de setembro de 1918,
em General Severiano, na derrota de 2 x 1 para o Fluminense, válido pelo
campeonato carioca.
No dia 12 de outubro de 1918, em São Paulo (SP), Monti disputou pela primeira
vez um jogo com a camisa da Seleção Carioca, que foi derrotada pelo selecionado
paulista, por 5 x 0. A seleção carioca formou com Carnaval, Monti e Martins; Pollice,
Osvaldo e Rodrigo; Etchegaray, Menezes, Welfare, Arlindo e Nelson.
Ainda assim, o Correio da Manhã destacou em sua edição posterior ao jogo: “No
quadro carioca somente se notou a perfeita atuação de Monti, Pollice e
Carnaval, os únicos de todo o conjunto do Rio de Janeiro que se revelaram
dignos da posição que lhes deram a defender”.
Desse dia em diante, Monti passou a ter lugar quase cativo no selecionado
carioca, quando não atuando, fazendo parte dos convocados.
Logo no começo de 1919, Monti seguiu com a delegação do Botafogo para a disputa
de sete amistosos nos Estados de Pernambuco e Bahia. Foi titular em todos eles.
No dia 23 de março de 1919, um fato curioso: convidado pela equipe do S. C. Rio
de Janeiro, Monti participou do Torneio Início da Segunda Divisão da Liga
Metropolitana, realizado no campo do Botafogo. Como o clube foi eliminado logo
no segundo jogo, pelo campeão Palmeiras Athletico Club, Monti acabou
trabalhando como árbitro no jogo que decidiu o torneio, entre Progresso F. C. x
Palmeiras,
Quando o Uruguai veio ao Rio de Janeiro disputar o Campeonato Sul-Americano (de
11 a 29 de maio de 1919), em seu primeiro treino realizado no Brasil, no dia 4
de maio, Monti e outros jogadores do Botafogo ajudaram a completar o time
reserva do Uruguai.
Nos campeonatos cariocas de 1919 e 1920, Monti esteve presente em todos os
jogos disputados pelo Botafogo, mas isso não foi suficiente para a conquista do
título de campeão. O Botafogo foi terceiro colocado em 1919 e quarto em 1920.
No dia 5 de junho de 1921, em General Severiano, Monti disputou sua última
partida com a camisa do Botafogo. Em jogo válido pelo Campeonato Carioca,
Botafogo e Flamengo empataram em 2 x 2. Formou o Botafogo com Haroldo, Palamone
e Monti; Pollice, Alfredinho e Franco; Leite de Castro, Riva, Vadinho, Petiot e
Sousa.
Ao todo, Monti disputou 66 jogos pelo Botafogo, marcando um gol.
Em 1922 chegou a ser inscrito como jogador da A. A. das Palmeiras, de São Paulo.
Também treinou no dia 10 de maio de 1922 num combinado paulista que enfrentaria
um combinado paranaense, mas o clube retirou o pedido de inscrição que fizera
em virtude do incidente anteriormente ocorrido com ele no Rio de Janeiro
(quando chegou a ser preso, acusado de explorador de meretrizes).
Já com a saúde bastante debilitada, Monti transferiu-se para a Bahia, onde foi
jogar no alvinegro Clube Bahiano de Tennis, de Salvador. Ajudou o clube a ficar
com o vice-campeonato estadual, por coincidência, atrás do campeão Botafogo
(que, ao contrário do seu homônimo carioca, é vermelho e branco). Na última
partida disputada por Monti no Bahiano de Tennis, em 12 de novembro de 1922, a
equipe formou com Zinho, Agostinho e Monti; Parrudo, Varella (uruguaio) e
Tournillon; Carlinhos, Costa, Antoninho, Arlindo e Dória.
Um telegrama da Bahia divulgou a triste notícia de que, no dia 21 de fevereiro
de 1923, em Salvador, Monti havia falecido, completando em seu texto que a
causa da morte havia sido uma “terrível moléstia adquirida há dois anos”.
Complementando a informação dizia que ao fim do campeonato de 1922, a diretoria
do clube enviou-o para o interior do Estado, para fazer uma estação de saúde.
Não valeram, porém, os cuidados médicos, nem o clima do ameno do sertão baiano.
Voltou à capital em estado desesperador, sendo recolhido ao hospital Santa
Isabel, onde veio a falecer.
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