quarta-feira, 30 de novembro de 2022

DUELO: Botafogo x Flamengo



Botafogo e Flamengo fazem, desde 1913, um dos maiores clássicos do futebol carioca e brasileiro.

Por um tempo, o predomínio coube ao Botafogo. Já tem alguns anos que o Flamengo reverteu essa situação.

A história desse duelo apresenta, atualmente, os seguintes números:

 

TOTAL DE JOGOS

374

VITÓRIAS DO BOTAFOGO

112

VITÓRIAS DO FLAMENGO

138

EMPATES

124

GOLS A FAVOR DO BOTAFOGO

515

GOLS A FAVOR DO FLAMENGO

571

 

A PRIMEIRA VEZ

A primeira vez que Botafogo e Flamengo se enfrentaram foi no dia 13 de maio de 1913, na inauguração oficial do estádio de General Severiano com arquibancadas de madeira. O jogo foi válido pelo Campeonato Carioca daquele ano e apresentou a seguinte ficha técnica:

BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO

Campeonato Carioca

Data: terça-feira, 13 de maio de 1913

Local: General Severiano, Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Mário Pernambuco

Gol: Mimi Sodré, 26

BOTAFOGO: Álvaro Werneck, Edgard Dutra e Hugh Edgard Pullen; Pino, Rolando de Lamare e Juca Couto; Carlos Villaça, Abelardo de Lamare, Facchine, Mimi Sodré e Lauro Sodré.

FLAMENGO: Cazuza, Píndaro e Nery; Gallo, Amarante e Lawrence; Orlando Baiano, Alberto Borgerth, Figueira, Del Nero e Raul de Carvalho.

 

A ÚLTIMA VEZ

A última vez em que Botafogo e Flamengo se enfrentaram foi no recém encerrado Campeonato Brasileiro, com vitória rubro-negra.

BOTAFOGO 0 x 1 FLAMENGO

Campeonato Brasileiro

Data: domingo, 28 de agosto de 2022

Local: Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP)

Renda: R$ 486.270,00

Público: 14.442 pagantes

Gol: Vidal

BOTAFOGO: Gatito Fernández, Saravia, Adryelson (Kanu), Victor Cuesta e Marçal; Tchê Tchê (Danilo Barbosa), Eduardo (Gabriel Pires) e Lucas Fernandes (Lucas Piazon); Jeffinho, Victor Sá (Luís Henrique) e Junior Santos. Técnico: Luís Castro.

FLAMENGO: Santos, Matheuzinho, Fabrício Bruno, Pablo e Ayrton Lucas; Diego (Pulgar), Vidal (João Gomes) e Victor Hugo (Everton Ribeiro); Everton Cebolinha, Gabigol (Arrascaeta) e Lázaro (Pedro). Técnico: Dorival Júnior.

 

AS MAIORES GOLEADAS

Muitos torcedores podem até achar que as maiores goleadas entre Botafogo e Flamengo foram aqueles dois 6 x 0, primeiro do Botafogo e depois do Flamengo, em 1972 e 1981, respectivamente.

Mas tivemos placares, poucos, mais dilatados. O maior de todos foi pelo Campeonato Carioca de 1927, um 9 x 2, assim detalhado:

BOTAFOGO 9 x 2 FLAMENGO

Campeonato Carioca

Data: domingo, 29 de maio de 1927

Local: campo do Flamengo, à Rua Paysandu, Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Milton de Castro Menezes

Gols: Ariza, 8; Joãozinho, 10; Nilo, 11; Almo (pênalti), 13; Ariza, 18; Nilo, 27; Moderato, 28; Nilo, 35 e 45; Frederico, 55 e Joãozinho, 65

BOTAFOGO: Neiva, Couto e Octacílio; Pamplona (Jerônimo), Almo e Rogério; Ariza, Neco, Nilo, Joãozinho e Claudionor.

FLAMENGO: Egberto, Hermínio e Hélcio; Benevenuto, Frederico e Flávio Costa; Cristolino, Pastor, Fragoso, Agenor (Japonês) e Moderato.

Em 15 de agosto de 1926, o Flamengo goleou o Botafogo por 8 x 1. Em 13 de março de 1932, o Botafogo quase repetiu esse placar: venceu por 7 x 1.

 

A MAIOR SÉRIE DE JOGOS INVICTOS

A maior sequência sem derrotas que um time obteve de um clube sobre o outro foi 14 jogos e pertence ao Flamengo. De 28 de julho de 2004, empate em 0 x 0, até 24 de fevereiro de 2008, vitória do Flamengo, por 2 x 1, foram seis vitórias (cinco delas consecutivas) do Flamengo e mais oito empates.

A maior invencibilidade do Botafogo diante do Flamengo é de nove jogos, que aconteceu duas vezes na história do clássico: 1950 a 1952 e de 1967 a 1969.

Curiosamente, em seis jogos consecutivos realizados no período de 6 de março de 1988 a 18 de junho de 1989 aconteceram empates.

 

ONDE FORAM REALIZADOS OS 374 JOGOS

O estádio que mais recebeu o clássico foi o Maracanã, em 235 oportunidades.

A seguir, bem distante, está General Severiano, com 40.

O atual mando de campo do Botafogo, o Engenhão, só recebeu o clássico em 23 ocasiões.

Outras 18 praças de esporte receberam o clássico, sendo que duas delas fora do Brasil: em 28 de março de 1953, em La Bombonera, Buenos Aires, Argentina, e a outra em 27 de agosto de 1978, no estádio San Siro, em Milão, Itália.

 

Fonte:

Consagrado no Gramado, de Roberto Assaf.



terça-feira, 29 de novembro de 2022

RETRATO EM PRETO E BRANCO: Pirica


Alberto Piragibe Lyra de Lemos, o Pirica, nasceu em Recife (PE), no dia 9 de fevereiro de 1914.

O apelido ganhou ainda no colégio, jogando futebol. Por ter pernas muito finas, disseram que ele seria um “pirica”. Daí em diante, sem nunca ter descoberto o motivo, ficou sendo chamado de Pirica.

Iniciou sua carreira no Botafogo, disputando jogos do Campeonato Carioca de 1931 de terceiros quadros. Estreou no dia 5 de julho de 1931, com vitória do Botafogo sobre o Bonsucesso, por 6 x 0. Foi um dos três jogadores a disputar todos os nove jogos da competição, vencida pelo Botafogo após o jogo realizado no dia 11 de outubro de 1931, na vitória de 2 x 1 sobre o Fluminense. Pirica marcou cinco gols no campeonato.

No ano seguinte, 1932, disputou o Campeonato Carioca de segundos quadros. Pirica foi o único jogador a disputar os 22 jogos do campeonato, marcando três gols.

Em 1933, com os grandes clubes do Brasil perdendo seus principais jogadores para o futebol europeu, argentino e uruguaio - onde o profissionalismo já imperava -, ficou claro que era a hora de uma mudança na forma de se tratar o futebol no País. Em 23 de janeiro de 1933, Arnaldo Guinle, presidente do Fluminense, organizou uma reunião na sede da rua Álvaro Chaves, onde nasceu a Liga Carioca de Football, a primeira representação profissional do futebol no país.

Essa Liga criou uma cisão com a antiga organizadora do Campeonato Carioca, a AMEA-Associação Metropolitana de Esportes Athleticos. Com isso, a partir de 1933, dois campeonatos distintos aconteceriam, um profissional e um amador, até a fusão e a total adoção do profissionalismo no Rio de Janeiro, em 1937.

Nesse ano, Pirica já fazia parte do primeiro quadro do Botafogo. Sua estreia aconteceu na partida amistosa disputada no dia 26 de março de 1933, na vitória sobre o Serrano, em Petrópolis, por 2 x 1. O Botafogo formou com Victor, Teté e Rogério; Corisco, Alfredinho (Hermes) e Pamplona; Moura Costa, Nilo, Armandinho, Jayme e Pirica. Técnico: Nicolas Ladanyi.

Nos dias 9 e 16 de abril de 1933, Pirica disputou o Torneio Início promovido pela AMEA, no campo do São Cristóvão, com clubes da Primeira e Segunda Divisões da AMEA-Associação Metropolitana de Esportes Athleticos. Pirica marcou um dos gols da vitória de 2 x 0 sobre o time do Argentino. O Botafogo ficou com o segundo lugar, perdendo a decisão para o São Cristóvão, por 2 x 1.

No dia 19 de abril de 1933, Pirica fez parte do treino do selecionado carioca da AMEA, formando no time “B”.

Sagrou-se campeão carioca pela primeira vez em 5 de novembro de 1933, depois que o Botafogo empatou com o Olaria em 1 x 1, jogo disputado em General Severiano.

Pirica começou o ano de 1934 convocado para a Seleção Carioca. No dia 7 de janeiro de 1934, a Seleção da Guanabara (AMEA) venceu por 5 x 3 a Seleção do Rio de Janeiro (AFEA). Um dos gols foi marcado por Pirica. O selecionado carioca foi assim composto: Pedrosa, Badu e Dondon; Affonso, Ariel e Pamplona; Áttila, Betinho, Carvalho Leite, Romualdo e Pirica.

Logo depois, o Botafogo também venceu o Torneio Início, realizado no dia 1º de abril, no campo do Andarahy. Na decisão do torneio, Pirica marcou o gol da vitória de 1 x 0 sobre o Mavilis, resultado que deu o título de campeão ao Botafogo.

Os jogadores convocados para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo de 1934 viviam a incerteza do profissionalismo. Para o primeiro treino, em 24 de abril, os jogadores de São Paulo não vieram e os do Rio de Janeiro não apareceram. Como só compareceram ao treino quatro dos jogadores convocados, a equipe foi completada por jogadores do Rio de Janeiro, dentre eles, Pirica. O treino foi contra a equipe da Polícia Especial, que terminou com a vitória do selecionado brasileiro, por 8 x 3, um dos gols marcados por Pirica.

Em outro treino do selecionado brasileiro, em 1º de maio de 1934, no campo do Botafogo, Pirica integrou a equipe “A”, que venceu a “B”, por 3 x 1. Germano, Sylvio e Octacílio; Ariel, Martim e Canalli; Luizinho, Waldemar de Brito, Carvalho Leite (Armandinho), Leônidas da Silva (Nilo) e Pirica foi a escalação.

Nesse mês de maio de 1934 foram mais três treinos com Pirica no selecionado brasileiro, ora na equipe A, ora na B. No último deles, em 11 de maio, Pirica integrou o selecionado B, que foi derrotado pelo A, por 4 x 3, marcando um gol.

Pirica não chegou a ser jogador da seleção brasileira, de fato, mas conviveu diretamente com a maioria desses craques.

Ainda estudante da Academia de Commercio, Pirica firmou contrato profissional com o Fluminense no dia 30 de maio de 1934. Fez seu primeiro jogo no dia 3 de junho de 1934, com derrota de 3 x 1 para o Bangu. Não chegou a brilhar e deixou o tricolor (seu último jogo foi em 26 de maio de 1935, marcando um gol na goleada de 7 x 0 sobre o Encouraçado Minas Gerais). Foram 36 jogos como titular e dez gols marcados.



Retornou ao Botafogo, ainda amador, e lá realizou seu primeiro treinamento em 4 de julho de 1935, na ponta-esquerda da equipe reserva, já contando com a titularidade de Patesko.

Em outubro de 1935 embarcou com a delegação do Botafogo para uma série de amistosos na Bahia.

No começo de 1936, passou a fazer parte nas fileiras do Olímpico Clube, agremiação que surgiu na Cinelândia para incrementar a prática de esportes amadores e constituída de figuras de projeção no futebol carioca, tais como Preguinho, Doca, Fernandinho, Zé Luiz, Albino, Waldyr, dentre outros. No dia 9 de janeiro de 1936, Pirica participou de um jogo-treino contra o Botafogo, que terminou empatado.

E foi justamente no Olímpico, participando de uma série de partidas amistosas, que Pirica teve seus serviços contratados pelo América.

Depois de disputar alguns amistosos pelo quadro amador do Botafogo em 1936 e 1937 e, antes de começar o Campeonato Carioca de 1937, em setembro deste ano, Pirica passou a defender o América. Sua estreia só aconteceu na quinta rodada, no dia 17 de outubro de 1937, no empate em 1 x 1 com o Flamengo.

Permaneceu no América até 1940. Por coincidência, o último jogo de Pirica no América foi justamente contra o Botafogo, em 15 de dezembro de 1940, em Campos Sales. O Botafogo venceu por 2 x 1.

Logo depois do encerramento dessa competição, seriam iniciados os treinamentos do selecionado carioca que disputaria o Campeonato Brasileiro.

Pirica passou a formar na equipe titular, que ainda era completada por Alfredo, Oswaldo e Florindo; Octacílio, Zarzur e Affonsinho; Nelsinho, Zizinho, Isaías e Jair Rosa Pinto. No treino realizado em 19 de dezembro de 1940, os titulares venceram os reservas, por 9 x 5, com quatro gols marcados por Pirica.

Foi aí que Pirica trocou a grande possibilidade de se sagrar campeão brasileiro pela seleção carioca para acompanhar o Botafogo em uma excursão ao México e Estados Unidos. A direção técnica do escrete carioca convocou Carreiro e Hércules, que passariam a revezar na ala esquerda com Jair Rosa Pinto.

Gentilmente cedido pelo América para a excursão, na volta Pirica seria reintegrado definitivamente ao Botafogo.

Seu primeiro jogo foi no dia 9 de fevereiro de 1941, na Cidade do México, no empate em 1 x 1 entre Botafogo e Estudiantes, da Argentina. A escalação do alvinegro carioca foi Aymoré Moreira, Graham Bell e Borges; Zezé Procópio, Zezé Moreira e Zarcy; Patesko, Geninho, Carvalho Leite, Sardinha e Pirica. Técnico: Adhemar Pimenta.

Sua reestreia oficial foi em 18 de maio de 1941, em General Severiano, na goleada sobre o Bonsucesso, por 5 x 1, marcando um gol. Formou o Botafogo com Aymoré Moreira, Graham Bell e Borges; Zezé Procópio, Zezé Moreira e Zarcy; Paschoal, Geraldino Dezolt, Carvalho Leite, Geninho e Pirica. Técnico: Adhemar Pimenta.

Ficaria no Botafogo até 28 de outubro de 1944, quando disputou seu último jogo pela equipe de General Severiano, curiosamente contra o América, a quem venceu por 3 x 0. Assim jogou o Botafogo: Oswaldo Baliza, Laranjeira e Lusitano; Ivan, Papetti e Negrinhão; Lula, Tovar, Heleno de Freitas, Franquito e Pirica. Técnico: Ítalo Fratezzi (Bengala).

Segundo o jornal A Noite, assim foi relatado o gol de Pirica: “Aos quarenta minutos de luta no segundo tempo, o centro-avante Heleno de Freitas centra e Pirica, num “sem pulo” sensacional, consigna o terceiro gol dos botafoguenses”.

O resumo de sua passagem pelo Botafogo é o seguinte:


ANO

JD

V

E

D

GM

1933

23

15

3

5

2

1934

2

1

0

1

0

1935

3

2

1

0

2

1936

6

3

1

2

2

1937

3

0

0

3

0

1941

36

22

6

8

11

1942

36

21

10

5

9

1943

30

14

4

12

10

1944

9

6

1

2

4

TOTAL

148

84

26

38

40


Pirica faleceu no dia 6 de outubro de 1988.



Fontes:

A Noite (RJ).

Esporte Ilustrado.

O Futebol no Botafogo de 1904 a 1950, de Alceu Mendes de Oliveira Castro.

História do Campeonato Carioca 1906-1976, de Júlio Bovi Diogo e Rodolfo Stella Junior.