Alberto Piragibe Lyra de Lemos, o Pirica, nasceu em Recife (PE), no dia 9 de fevereiro de 1914.
O apelido ganhou ainda no colégio, jogando futebol. Por ter pernas
muito finas, disseram que ele seria um “pirica”. Daí em diante, sem nunca ter
descoberto o motivo, ficou sendo chamado de Pirica.
Iniciou sua carreira no Botafogo, disputando jogos do Campeonato
Carioca de 1931 de terceiros quadros. Estreou no dia 5 de julho de 1931, com
vitória do Botafogo sobre o Bonsucesso, por 6 x 0. Foi um dos três jogadores a
disputar todos os nove jogos da competição, vencida pelo Botafogo após o jogo
realizado no dia 11 de outubro de 1931, na vitória de 2 x 1 sobre o Fluminense.
Pirica marcou cinco gols no campeonato.
No ano seguinte, 1932, disputou o Campeonato Carioca de segundos
quadros. Pirica foi o único jogador a disputar os 22 jogos do campeonato, marcando
três gols.
Em 1933, com os grandes clubes do Brasil perdendo seus principais
jogadores para o futebol europeu, argentino e uruguaio - onde o
profissionalismo já imperava -, ficou claro que era a hora de uma mudança na
forma de se tratar o futebol no País. Em 23 de janeiro de 1933, Arnaldo Guinle,
presidente do Fluminense, organizou uma reunião na sede da rua Álvaro Chaves,
onde nasceu a Liga Carioca de Football, a primeira representação profissional
do futebol no país.
Essa Liga criou uma cisão com a antiga organizadora do Campeonato Carioca,
a AMEA-Associação Metropolitana de Esportes Athleticos. Com isso, a partir de
1933, dois campeonatos distintos aconteceriam, um profissional e um amador, até
a fusão e a total adoção do profissionalismo no Rio de Janeiro, em 1937.
Nos dias 9 e 16 de abril de 1933, Pirica disputou o Torneio Início
promovido pela AMEA, no campo do São Cristóvão, com clubes da Primeira e
Segunda Divisões da AMEA-Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
Pirica marcou um dos gols da vitória de 2 x 0 sobre o time do Argentino. O
Botafogo ficou com o segundo lugar, perdendo a decisão para o São Cristóvão,
por 2 x 1.
No dia 19 de abril de 1933, Pirica fez parte do treino do
selecionado carioca da AMEA, formando no time “B”.
Sagrou-se campeão carioca pela primeira vez em 5 de novembro de
1933, depois que o Botafogo empatou com o Olaria em 1 x 1,
jogo disputado em General Severiano.
Pirica começou o ano de 1934 convocado para a Seleção Carioca. No dia 7 de janeiro de 1934, a Seleção da Guanabara (AMEA) venceu por 5 x 3 a Seleção do Rio de Janeiro (AFEA). Um dos gols foi marcado por Pirica. O selecionado carioca foi assim composto: Pedrosa, Badu e Dondon; Affonso, Ariel e Pamplona; Áttila, Betinho, Carvalho Leite, Romualdo e Pirica.
Em outro treino do selecionado brasileiro, em 1º de maio de 1934,
no campo do Botafogo, Pirica integrou a equipe “A”, que venceu a “B”, por 3 x
1. Germano, Sylvio e Octacílio; Ariel, Martim e Canalli; Luizinho, Waldemar de
Brito, Carvalho Leite (Armandinho), Leônidas da Silva (Nilo) e Pirica foi a
escalação.
Nesse mês de maio de 1934 foram mais três treinos com Pirica no
selecionado brasileiro, ora na equipe A, ora na B. No último deles, em 11 de
maio, Pirica integrou o selecionado B, que foi derrotado pelo A, por 4 x 3,
marcando um gol.
Pirica não chegou a ser jogador da seleção brasileira, de fato, mas
conviveu diretamente com a maioria desses craques.
Ainda estudante da Academia de Commercio, Pirica firmou contrato profissional
com o Fluminense no dia 30 de maio de 1934. Fez seu primeiro jogo no dia 3 de
junho de 1934, com derrota de 3 x 1 para o Bangu. Não chegou a brilhar e deixou
o tricolor (seu último jogo foi em 26 de maio de 1935, marcando um gol na
goleada de 7 x 0 sobre o Encouraçado Minas Gerais). Foram 36 jogos como titular
e dez gols marcados.
Em outubro de 1935 embarcou com a delegação do Botafogo para uma
série de amistosos na Bahia.
No começo de 1936, passou a fazer parte nas fileiras do Olímpico
Clube, agremiação que surgiu na Cinelândia para incrementar a prática de
esportes amadores e constituída de figuras de projeção no futebol carioca, tais
como Preguinho, Doca, Fernandinho, Zé Luiz, Albino, Waldyr, dentre outros. No
dia 9 de janeiro de 1936, Pirica participou de um jogo-treino contra o
Botafogo, que terminou empatado.
E foi justamente no Olímpico, participando de uma série de
partidas amistosas, que Pirica teve seus serviços contratados pelo América.
Depois de disputar alguns amistosos pelo quadro amador do Botafogo
em 1936 e 1937 e, antes de começar o Campeonato Carioca de 1937, em setembro
deste ano, Pirica passou a defender o América. Sua estreia só aconteceu na
quinta rodada, no dia 17 de outubro de 1937, no empate em 1 x 1 com o Flamengo.
Permaneceu no América até 1940. Por coincidência, o último jogo de
Pirica no América foi justamente contra o Botafogo, em 15 de dezembro de 1940,
em Campos Sales. O Botafogo venceu por 2 x 1.
Logo depois do encerramento dessa competição, seriam iniciados os
treinamentos do selecionado carioca que disputaria o Campeonato Brasileiro.
Foi aí que Pirica trocou a grande possibilidade de se sagrar
campeão brasileiro pela seleção carioca para acompanhar o Botafogo em uma excursão
ao México e Estados Unidos. A direção técnica do escrete carioca convocou
Carreiro e Hércules, que passariam a revezar na ala esquerda com Jair Rosa
Pinto.
Gentilmente cedido pelo América para a excursão, na volta Pirica
seria reintegrado definitivamente ao Botafogo.
Seu primeiro jogo foi no dia 9 de fevereiro de 1941, na Cidade do
México, no empate em 1 x 1 entre Botafogo e Estudiantes, da Argentina. A
escalação do alvinegro carioca foi Aymoré Moreira, Graham Bell e Borges; Zezé
Procópio, Zezé Moreira e Zarcy; Patesko, Geninho, Carvalho Leite, Sardinha e
Pirica. Técnico: Adhemar Pimenta.
Sua reestreia oficial foi em 18 de maio de 1941, em General
Severiano, na goleada sobre o Bonsucesso, por 5 x 1, marcando um gol. Formou o
Botafogo com Aymoré Moreira, Graham Bell e Borges; Zezé Procópio, Zezé Moreira
e Zarcy; Paschoal, Geraldino Dezolt, Carvalho Leite, Geninho e Pirica. Técnico:
Adhemar Pimenta.
Ficaria no Botafogo até 28 de outubro de 1944, quando disputou seu
último jogo pela equipe de General Severiano, curiosamente contra o América, a
quem venceu por 3 x 0. Assim jogou o Botafogo: Oswaldo Baliza, Laranjeira e
Lusitano; Ivan, Papetti e Negrinhão; Lula, Tovar, Heleno de Freitas, Franquito
e Pirica. Técnico: Ítalo Fratezzi (Bengala).
Segundo o jornal A Noite, assim foi relatado o gol de Pirica: “Aos
quarenta minutos de luta no segundo tempo, o centro-avante Heleno de Freitas
centra e Pirica, num “sem pulo” sensacional, consigna o terceiro gol dos
botafoguenses”.
O resumo de sua passagem pelo Botafogo é o seguinte:
ANO |
JD |
V |
E |
D |
GM |
1933 |
23 |
15 |
3 |
5 |
2 |
1934 |
2 |
1 |
0 |
1 |
0 |
1935 |
3 |
2 |
1 |
0 |
2 |
1936 |
6 |
3 |
1 |
2 |
2 |
1937 |
3 |
0 |
0 |
3 |
0 |
1941 |
36 |
22 |
6 |
8 |
11 |
1942 |
36 |
21 |
10 |
5 |
9 |
1943 |
30 |
14 |
4 |
12 |
10 |
1944 |
9 |
6 |
1 |
2 |
4 |
TOTAL |
148 |
84 |
26 |
38 |
40 |
Pirica faleceu no dia 6 de outubro de 1988.
Fontes:
A Noite (RJ).
Esporte Ilustrado.
O Futebol no Botafogo de 1904 a 1950, de Alceu Mendes de Oliveira Castro.
História do Campeonato Carioca 1906-1976, de Júlio Bovi Diogo e
Rodolfo Stella Junior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário