Seu pai trabalhava numa fábrica de vidros em São Gonçalo e não ganhava
o suficiente para manter, com conforto, a esposa e cinco filhos.
Macalé tinha 14 anos quando começou a jogar no Santa Cruz, time do
bairro.
Tendo sua família se transferido para o Fonseca, bairro da Zona
Norte de Niterói, Macalé ingressou nos juvenis do São Januário F. C. Passou
para o segundo quadro e, logo após, para o primeiro. Por sugestão de Zé
Pequeno, treinador, ficou jogando de centroavante, embora se sentisse mais à
vontade na meia-esquerda.
Dali foi para os juvenis do Fluminense, de Niterói. Foi campeão,
convocado pelo Cúri, que era o técnico do primeiro time do Fonseca, jogou pela
seleção de Niterói no Campeonato do Estado do Rio.
Chiquinho, um amigo, o levou para os juvenis da Portuguesa, do Rio
de Janeiro, em fins de 1955. Disputou o campeonato carioca da categoria de
1956, assinalando dez gols.
O treinador Denoni Pereira Alves elevou-o aos aspirantes em 1956 e
logo a seguir Tião Macalé assinou contrato "de gaveta" com a lusa
carioca. Passando Lourival Lorenzi a técnico, Tião foi lançado no time titular
contra o Bonsucesso, em 22 de setembro de 1957, pelo primeiro turno do
campeonato carioca desse ano.
Surgiu a proposta do Santos, que se interessou também por outro
jogador da Portuguesa, Lua. O Santos não concordou em pagar o montante
solicitado pela Portuguesa pelos dois jogadores. Também apareceu o Flamengo
querendo contratá-lo. Então aconteceu um jogo amistoso entre o Botafogo e a
Portuguesa, nas Laranjeiras, no dia 4 de abril de 1959, cujo resultado foi um
empate em 2 x 2, no qual Tião Macalé atuou muito bem, dando o passe para
Ronaldo marcar o primeiro gol e assinalando o de empate.
Nesse dia, o Fluminense também se manifestou, mas Macalé acabou
assinando contrato de dois anos com o Botafogo. Cinco dias depois do amistoso,
9 de abril, estrearia no Botafogo, contra o Santos, no Maracanã, em jogo válido
pelo Torneio Rio-São Paulo de 1959. No intervalo, substituiu Zagalo, mas não
pôde ajudar a evitar a derrota de 4 x 2. O Botafogo formou com Ernani, Cacá,
Florindo e Paulistinha; Ronald e Pampolini; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim,
Quarentinha e Zagalo (Tião Macalé). Técnico: João Saldanha.
Depois que João Saldanha, responsável por sua ida para General
Severiano, deixou o clube, Macalé foi rebaixado para os aspirantes, onde
conquistaria seu primeiro título com a camisa do Botafogo, o Campeonato Carioca
dessa categoria, em 1959. Também neste ano, na equipe principal, participou de
17 jogos na campanha de vice-campeão estadual.
Sua passagem pelo Botafogo foi essa:
ANO |
J |
V |
E |
D |
GM |
1959 |
37 |
25 |
2 |
10 |
5 |
1960 |
11 |
7 |
3 |
1 |
|
1961 |
7 |
5 |
1 |
1 |
|
TOTAL |
55 |
37 |
6 |
12 |
5 |
Nesse dia o Botafogo atuou com Manga, Rildo, Zé Maria, Nilton
Santos e Chicão; Ayrton e Didi; Garrincha, Tião Macalé, Amarildo e Zagalo.
Técnico: Marinho Rodrigues.
Transferiu-se para o Guarani, de Campinas (SP), em março de 1962. No
clube paulista estreou de forma oficial em 8 de julho de 1962, no primeiro
turno do Campeonato Estadual, com vitória sobre a Portuguesa de Desportos, no
Brinco de Ouro, por 2 x 0, um dos gols marcados por Tião Macalé. Formou o
Guarani com Dimas, Ferrari, Ditinho e Diogo; Ilton e Eraldo; Telê, Vicente, Paulo
Leão, Tião Macalé e Osvaldo. O Guarani terminou o campeonato paulista na oitava
colocação.
No clube campineiro, Tião Macalé desinibiu-se e mostrou o bom
futebol que exibia na Portuguesa carioca.
Os outros quatro jogos de Macalé na Seleção Brasileira foram
válidos pelo Campeonato Sul-Americano: 10.03 – 1 x 0 Peru, 14.03 – 5 x 1
Colômbia, 17.03 – 0 x 2 Paraguai e 31.03, com derrota para a Bolívia, por 5 x
4.
Teve uma rápida passagem pela Ferroviária, de Araraquara, em 1966,
quando foi, inclusive, campeão paulista da Segunda Divisão).
Depois do encerramento do Campeonato Paulista de 1968 (disputou
seu último jogo em 13 de junho de 1968, com vitória sobre o Palmeiras, por 3 x
1), o Guarani emprestou Tião Macalé ao Paulista, de Jundiaí.
Retornou ao Guarani em 1969 e disputou o campeonato paulista.
Depois, foi para o União Bandeirante, do Paraná, onde encerrou sua carreira em
1972.
Ganhou dinheiro, que rapidamente foi perdido.
Em 1979, uma reportagem do Jornal dos Sports o mostrou em meio ao
matagal, capinando o campo do São José, de Niterói, time pobre, sem recursos,
defendido por meninos da região.
Dias depois, o botafoguense Agnaldo Timóteo disse que iria
entregar bolas e material para o time dirigido por Tião Macalé.
Tião Macalé faleceu em Niterói (RJ), em 27 de novembro de 1981.
Fontes:
Datafogo
Jornal dos Sports
O Caminho da Bola II Volume 1953-1982.
Revista do Esporte.
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