terça-feira, 22 de agosto de 2023

BOTAFOGUENSES ANÔNIMOS: Tião Macalé


Sebastião dos Santos, por alguns chamado de Macalé, por outros de Tião Macalé, nasceu em Santa Rosa, bairro de Niterói, no dia 23 de agosto de 1936.
Seu pai trabalhava numa fábrica de vidros em São Gonçalo e não ganhava o suficiente para manter, com conforto, a esposa e cinco filhos.
Macalé tinha 14 anos quando começou a jogar no Santa Cruz, time do bairro.
Tendo sua família se transferido para o Fonseca, bairro da Zona Norte de Niterói, Macalé ingressou nos juvenis do São Januário F. C. Passou para o segundo quadro e, logo após, para o primeiro. Por sugestão de Zé Pequeno, treinador, ficou jogando de centroavante, embora se sentisse mais à vontade na meia-esquerda.
Dali foi para os juvenis do Fluminense, de Niterói. Foi campeão, convocado pelo Cúri, que era o técnico do primeiro time do Fonseca, jogou pela seleção de Niterói no Campeonato do Estado do Rio.
Chiquinho, um amigo, o levou para os juvenis da Portuguesa, do Rio de Janeiro, em fins de 1955. Disputou o campeonato carioca da categoria de 1956, assinalando dez gols.
O treinador Denoni Pereira Alves elevou-o aos aspirantes em 1956 e logo a seguir Tião Macalé assinou contrato "de gaveta" com a lusa carioca. Passando Lourival Lorenzi a técnico, Tião foi lançado no time titular contra o Bonsucesso, em 22 de setembro de 1957, pelo primeiro turno do campeonato carioca desse ano.
A partir desse jogo é que passou a ser chamado de Tião Macalé. Na Portuguesa já havia um médio esquerdo chamado Tião. Para evitar a confusão do tipo Tião I e Tião II, resolveram acrescentar o Macalé em seu apelido (segundo algumas versões, por lembrar o ator/comediante), passando a ser conhecido como Tião Macalé.

Surgiu a proposta do Santos, que se interessou também por outro jogador da Portuguesa, Lua. O Santos não concordou em pagar o montante solicitado pela Portuguesa pelos dois jogadores. Também apareceu o Flamengo querendo contratá-lo. Então aconteceu um jogo amistoso entre o Botafogo e a Portuguesa, nas Laranjeiras, no dia 4 de abril de 1959, cujo resultado foi um empate em 2 x 2, no qual Tião Macalé atuou muito bem, dando o passe para Ronaldo marcar o primeiro gol e assinalando o de empate.
Nesse dia, o Fluminense também se manifestou, mas Macalé acabou assinando contrato de dois anos com o Botafogo. Cinco dias depois do amistoso, 9 de abril, estrearia no Botafogo, contra o Santos, no Maracanã, em jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo de 1959. No intervalo, substituiu Zagalo, mas não pôde ajudar a evitar a derrota de 4 x 2. O Botafogo formou com Ernani, Cacá, Florindo e Paulistinha; Ronald e Pampolini; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Quarentinha e Zagalo (Tião Macalé). Técnico: João Saldanha.
Contratado para ser o substituto de Didi no Botafogo, depois que este se transferiu para o Real Madrid, Macalé não chegou a impressionar, sentindo, naturalmente, o peso da responsabilidade. Mostrou-se acanhado, em algumas vezes vaiado impiedosamente pela torcida do Botafogo.
Depois que João Saldanha, responsável por sua ida para General Severiano, deixou o clube, Macalé foi rebaixado para os aspirantes, onde conquistaria seu primeiro título com a camisa do Botafogo, o Campeonato Carioca dessa categoria, em 1959. Também neste ano, na equipe principal, participou de 17 jogos na campanha de vice-campeão estadual.
Sua passagem pelo Botafogo foi essa:

ANO

J

V

E

D

GM

1959

37

25

2

10

5

1960

11

7

3

1

1961

7

5

1

1

TOTAL

55

37

6

12

5


Sua última partida pelo time principal do Botafogo foi em 14 de dezembro de 1961, com vitória de 1 x 0 sobre o Fluminense, em um dos dois jogos disputados por Macalé válidos pelo Campeonato Carioca de 1961, certame conquistado pelo Botafogo.

Nesse dia o Botafogo atuou com Manga, Rildo, Zé Maria, Nilton Santos e Chicão; Ayrton e Didi; Garrincha, Tião Macalé, Amarildo e Zagalo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Transferiu-se para o Guarani, de Campinas (SP), em março de 1962. No clube paulista estreou de forma oficial em 8 de julho de 1962, no primeiro turno do Campeonato Estadual, com vitória sobre a Portuguesa de Desportos, no Brinco de Ouro, por 2 x 0, um dos gols marcados por Tião Macalé. Formou o Guarani com Dimas, Ferrari, Ditinho e Diogo; Ilton e Eraldo; Telê, Vicente, Paulo Leão, Tião Macalé e Osvaldo. O Guarani terminou o campeonato paulista na oitava colocação.
No clube campineiro, Tião Macalé desinibiu-se e mostrou o bom futebol que exibia na Portuguesa carioca.
Tião Macalé foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou o Campeonato Sul-Americano de 1963, na Bolívia, quando o Brasil foi representado por uma seleção “C”. O técnico Aymoré Moreira foi designado a fim de suprir a ausência de Flávio Costa, que se encontrava com a Seleção principal na Europa. Participou de cinco jogos, o primeiro deles em 3 de março, com empate de 2 x 2 com o Paraguai, em amistoso preparatório. Formou a Seleção Brasileira com Marcial, Jorge (Massinha), William, Procópio e Geraldino; Ilton Vaccari (Hilton Chaves) e Tião Macalé; Almir, Joaquinzinho (Marco Antônio), Flávio e Osvaldo (Ary). Técnico: Aymoré Moreira.
Os outros quatro jogos de Macalé na Seleção Brasileira foram válidos pelo Campeonato Sul-Americano: 10.03 – 1 x 0 Peru, 14.03 – 5 x 1 Colômbia, 17.03 – 0 x 2 Paraguai e 31.03, com derrota para a Bolívia, por 5 x 4.

Teve uma rápida passagem pela Ferroviária, de Araraquara, em 1966, quando foi, inclusive, campeão paulista da Segunda Divisão).
Depois do encerramento do Campeonato Paulista de 1968 (disputou seu último jogo em 13 de junho de 1968, com vitória sobre o Palmeiras, por 3 x 1), o Guarani emprestou Tião Macalé ao Paulista, de Jundiaí.
Estreou no Paulista em 30 de junho de 1968, no empate com o maior rival do Guarani, a Ponte Preta, em 0 x 0, sendo expulso de campo no segundo tempo. O Paulista formou com Sérgio, Miranda, Jurandir, Valdir e Cido; Tião Macalé e Foguinho (Mineiro); Raimundinho, Ademir, Zé Luís (Nilo) e Vagner. No hexagonal final, de 18 de novembro a 6 de dezembro) as equipes se enfrentaram, todos contra todos, em turno único, em jogos realizados no estádio Palestra Itália, em São Paulo. O Paulista conquistou o título de forma invicta e garantiu o inédito acesso à Divisão Especial de Profissionais do Estado de São Paulo, após vinte anos de espera.
Retornou ao Guarani em 1969 e disputou o campeonato paulista. Depois, foi para o União Bandeirante, do Paraná, onde encerrou sua carreira em 1972.
Ganhou dinheiro, que rapidamente foi perdido.
Em 1979, uma reportagem do Jornal dos Sports o mostrou em meio ao matagal, capinando o campo do São José, de Niterói, time pobre, sem recursos, defendido por meninos da região.
Dias depois, o botafoguense Agnaldo Timóteo disse que iria entregar bolas e material para o time dirigido por Tião Macalé.
Tião Macalé faleceu em Niterói (RJ), em 27 de novembro de 1981.

Fontes:
Datafogo
Jornal dos Sports
O Caminho da Bola II Volume 1953-1982.
Revista do Esporte.







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