Ao contrário do que consta em alguns blogs/sites e revistas/jornais, Ponce de
Leon nasceu no Brasil e não na Argentina.
Norival Cabral Ponce de Leon nasceu no bairro de Bonsucesso, no Rio de Janeiro
(RJ), no dia 28 de agosto de 1927. Ali ganhou o apelido de Bóia, pois era muito
gordo quando criança. Nunca foi chamado de Ponce de Leon.
Foi caixeiro de armazém, entregador, quitandeiro, vendedor de praça, cobrador
de ônibus e, só não fez mais porque finalmente a sorte o ajudou um pouco. Passou
a jogar no Democrático, time famoso do seu bairro. Com 17 anos e integrando o
time principal do time, aquele ruivo (“cabelo de fogo”) endiabrado que fazia o impossível
com a bola, despertou a curiosidade do Sr. Washington, dirigente dos juvenis do
Bonsucesso, que o levou para o clube.
Cerca de um ano mais tarde, via, em parte, realizado o sonho de jogar num time
grande, ao receber proposta do Botafogo, passando a defender as suas cores,
ganhando, mensalmente, Cr$ 200,00.
Foi seu irmão, que era amador do Botafogo, que o levou para General Severiano,
em 1945. O sucesso que alcançou no Botafogo, dizia, se devia ao fato de
trabalhar com Ondino Vieira, técnico que reputava um dos maiores do Brasil.
Em 8 de agosto de 1945 o Botafogo requereu à CBD, por intermédio da Federação
Metropolitana de Futebol-FMF, a “carteira de atleta” do ponteiro esquerdo
juvenil do Bonsucesso, Ponce de Leon, que iria atuar no alvinegro na categoria
de profissional.
Dois dias depois, o Bonsucesso comunicou à FMF que nada tinha a opor à transferência de Ponce de Leon, do seu time juvenil, para o quadro de profissionais do Botafogo. O Bonsucesso exigia apenas a indenização legal de dois mil cruzeiros para a transferência.
Oficiosamente, Ponce de Leon estreou na equipe do Botafogo num amistoso em
Campos (RJ), no dia 24 de fevereiro de 1946, no empate em 3 x 3 com o Goytacaz.
Formou o Botafogo com Boliviano (Hugo), Gerson dos Santos e Lusitano; Waldemar
(Marcelo), Papetti e Negrinhão; Haroldo, Limoeirinho, Ponce de León (Dario),
Demósthenes e Izaltino. Técnico: Togo Renan Soares (Kanela).
Oficialmente, o primeiro jogo de Ponce de Leon no Botafogo somente aconteceria
no ano seguinte, em 22 de junho de 1947, válido pelo Torneio Municipal,
deslocado para a ponta-direita. Em São Januário, o Botafogo goleou o América,
por 6 x 1, com essa formação: Ary, Gerson dos Santos e Adão; Ivan, Cid e
Juvenal; Ponce de León, Geninho, Oswaldinho, Octávio e Santo Cristo. Técnico:
Ondino Vieira.
No dia 27 de julho de 1947, em São Januário, o Botafogo sagrou-se campeão do
Torneio Início. Ponce de Leon marcou um dos gols da vitória de 4 x 1 sobre o
Olaria, na decisão do torneio.
Seu último jogo com a camisa do Botafogo foi em 28 de dezembro de 1947, com
derrota para o América, por 1 x 0. Jogou o Botafogo com Oswaldo Baliza, Marinho
e Nilton Senra; Ivan, Ávila e Juvenal; Santo Cristo, Geninho, Ponce de León,
Oswaldinho e Teixeirinha.
No Botafogo foi um total de 18 jogos (11 vitórias, 5 empates e duas derrotas) e
oito gols, assim conhecidos: em 1946 – dois amistosos e em 1947 – nove
amistosos (marcando cinco gols), seis jogos pelo Campeonato Carioca (três gols)
e um pelo Torneio Municipal.
Apesar disso, não estava satisfeito em virtude de receber tão diminuto salário.
Ponce de Leon não conseguia compreender a razão de tamanha diferença nos
ordenados. Juntou-se a isso a disputa pela vaga com Heleno de Freitas e
Octávio.
Um dia foi procurado por Rui, centromédio do São Paulo, seu grande amigo e
companheiro de infância, que o convidou para jogar no tricolor paulista. Rui
telegrafou para São Paulo. No dia seguinte, às duas e meia da manhã, batiam a
porta de sua casa o craque Leônidas da Silva e o treinador Vicente Feola. Ali
começava uma nova vida para Ponce de Leon.
No dia 7 de abril de 1948, Ponce de Leon estreava no São Paulo, no amistoso com
vitória de 3 x 0 sobre o Fluminense, substituindo, exatamente, Leônidas da
Silva. O São Paulo jogou com Mário, Savério e Mauro; Azambuja (Armando), Bauer
e Jacó; Santo Cristo, Lelé, Leônidas da Silva (Ponce de Leon), Remo e Leopoldo.
Técnico: Vicente Feola.
No São Paulo ganhou os Campeonatos Paulistas de 1948 e 1949. O título de 1948
foi disputado ponto a ponto com o Santos. A consagração veio somente na última
rodada, quando o São Paulo venceu o Nacional por 4 x 2, no dia 18 de dezembro,
no Pacaembu. Ponce de Leon marcou dois gols.
A passagem pelo São Paulo foi considerada pelo jornal O Estado de S. Paulo como
"o auge de sua carreira”.
Quando da inauguração do Maracanã, no dia 17 de junho de 1950, Ponce de Leon
fez parte da seleção paulista de novos que derrotou a carioca da mesma
categoria, por 3 x 1, marcando um dos gols. A Seleção Paulista formou com
Oswaldo; Homero e Dema; Djalma Santos, Brandãozinho e Alfredo; Renato, Ponce de
León (Carbone), Augusto, Rubens (Luizinho) e Brandãozinho II (Leopoldo).
Segundo o Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa, Ponce de Leon disputou
107 jogos pelo São Paulo, de 1948 a 1951, com 70 vitórias, 17 empates, 20
derrotas e 52 gols marcados.
No mesmo ano de 1951, transferiu-se para o Palmeiras, onde fez seu primeiro
jogo em 17 de junho, no Pacaembu, marcando um dos gols na vitória de 3 x 1
sobre o Ipiranga, pelo Campeonato Paulista. O Palmeiras atuou com Oberdan,
Salvador e Juvenal; Sarno, Luiz Villa e Dema; Lima, Aquiles, Ponce de León,
Jair Rosa Pinto e Canhotinho. Técnico: Ventura Cambon.
Seu maior momento no Palmeiras foi a conquista da Copa Rio de 1951, um título
que entrou para história do clube, disputado por oito clubes de renome
internacional e que, até hoje, é motivo de disputas extracampo para ser
reconhecido como o primeiro campeonato mundial de clubes.
Segundo o Almanaque do Palmeiras, de Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Ponce de Leon vestiu a camisa do alviverde de 1951 a 1953, em 64 jogos, com 34 vitórias, 12 empates, 18 derrotas e 27 gols marcados.
Depois que deixou o Palmeiras, Ponce de Leon ainda jogou no Ypiranga da capital
paulista, de 1953 a 1953, Noroeste, de Bauru (1955 e 1956), Botafogo, de
Ribeirão Preto (1956 e 1957), Ferroviária, de Araraquara (1957) e Comercial, da
capital paulista, onde encerrou sua brilhante carreira em 1959.
Poderia ter uma vida melhor, caso não fosse um boêmio inveterado, onde gastava
tudo que ganhava com mulheres e grandes festas.
Ponce de León foi casado com Dulce Rosalina, famosa chefe de torcida do Vasco
da Gama, com quem teve dois filhos, Norival Cabral Ponce de Leon Filho e Maria
de Lourdes. Segundo alguns diziam, as constantes brigas do casal por conta do
fervor com que Dulce torcia pelo Vasco da Gama, foram as responsáveis pela
separação do casal (Dulce Rosalina faleceu em 19 de janeiro de 2004).
Doente, Ponce de Leon ficou algum tempo internado no Hospital Santa Cruz, em
São Paulo (SP), onde morreria de forma prematura, aos 37 anos, em 5 de junho de
1965.
Fontes consultadas:
Almanaque do Palmeiras
Almanaque do São Paulo
Mundo Esportivo
O Futebol no Botafogo 1904-1950
Jornal dos Sports
Revista do Esporte
Sport Ilustrado.
Fotos: Sport Ilustrado.
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