De mãe uruguaia, filha de espanhóis, e pai argentino, de origem italiana,
Cetale foi criado no bairro italiano da Vila Anastácio, em São Paulo.
Filho de gente pobre, começou a trabalhar aos 12 anos, como torneiro-mecânico, à tarde, e estudante à noite, no SENAI.
Jogava futebol na várzea com a garotada, até que um dia conheceu o técnico
Rato, que o levou para o Corinthians. Ele ficou empolgado por causa de uma
partida que o seu clube disputou contra o de Cetale, Flor de Anastácio. Por
sugestão ainda de Rato, abandonou o centro da linha média para ser zagueiro
central. Deu-se bem na nova posição e em 1955 foram campeões paulistas juvenis.
Em busca de melhores condições financeiras, transferiu-se para o Nacional
Atlético Clube em 1956 e deste foi emprestado ao Clube Atlético Bandeirantes,
de São Carlos, da Segunda Divisão paulista, por onde disputou o certame dessa
categoria no mesmo ano.
Retornou ao Nacional e neste clube permaneceu até setembro de 1958.
No dia 4 de setembro de 1958, recomendado pelo técnico Zezé Procópio, que o
conhecia da seleção amadora da Federação Paulista de Futebol, assinou contrato
com o Comercial, também da capital paulista. No entanto, veio o Exército, que o
prejudicou no clube, e ele acabou sendo dispensado, regressando, então, ao
ponto de partida, o Flor de Anastácio.
Estava quase desistindo do futebol quando o destino começou a lhe favorecer.
Encontrou um velho sócio do América, que pagou sua passagem para o Rio de Janeiro,
desejoso que ingressasse no clube carioca.
Apresentou-se ao América em 18 de março de 1959. Treinou e agradou, chegando a
disputar um amistoso contra o Bonsucesso. Estava tudo certo para assinar
contrato, quando conheceu Nadim Marreis, que o levou para o Botafogo, onde
firmou contrato e estreou no dia 3 de maio de 1959, no Pacaembu, em São Paulo
(SP), na vitória de 3 x 0 sobre a Portuguesa de Desportos, válido pelo Torneio
Rio-São Paulo. O Botafogo formou com Adalberto (Ernâni), Cacá, Thomé, Cetale e
Beto; Pampolini e Tião Macalé; Rossi, Édison, Quarentinha (Bruno) e Neyvaldo
(Amarildo).
Assim que resolveu a situação com o Botafogo, Cetale levou sua família para o
bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. O pai não ganhava muito e para pagar
o aluguel passou a trabalhar como vendedor de livros da Editora Radar.
Logo depois do encerramento do Rio-São Paulo, Cetale embarcou com a delegação
do Botafogo para uma excursão pela Europa.
No dia 2 de janeiro de 1960 o Botafogo sagrou-se bicampeão carioca de
aspirantes, depois de vencer o Vasco da Gama, por 2 x 1, no Maracanã. A equipe
que atuou na decisão foi Ernâni, Marcelo, Cetale e Ademar; Ayrton e
Paulistinha; Bruno, Tião Macalé, Amoroso, Édison e Amarildo. Técnico: Paulo
Amaral. Dos 25 jogos disputados pelo Botafogo, Cetale esteve presente em 21.
No dia 28 de abril de 1960 aconteceu um jogo beneficente entre as seleções de
novos do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Maracanã, cuja renda seria revertida
para as vítimas das enchentes provocadas pelo arrombamento da barragem do Açude
de Orós, no Ceará, em 26 de março de 1960. Cetale fez parte do selecionado
carioca, que foi assim formado: Adalberto, Joel, Viana e Paulistinha; Amaro e
Cetale; Neyvaldo, Rossi (Correia), Manuelzinho (Beirute), Valter (Ademir da
Guia) e Beto (Ronaldo). O jogo terminou empatado em 1 x 1.
Em 1961 voltou a conquistar com o Botafogo outra competição de aspirantes, desta
vez a Taça “Antônio Gomes de Avellar”, participando de dez dos onze jogos que o
Botafogo disputou em toda a competição, de 3 de agosto a 24 de setembro de
1961.
Seu último jogo no Botafogo aconteceu no dia 7 de setembro de 1961, em
Cachoeiro do Itapemirim (ES), no amistoso contra o Estrela do Norte local, com
vitória carioca por 6 x 2. O Botafogo jogou com Manga, Cacá (Ademar), Zé Maria
(Cetale), Nilton Santos (Paulistinha) e Chicão; Ayrton (Dequinha) e Didi (Édison);
Garrincha, Amoroso (Camata), Amarildo (Neyvaldo) e Zagalo (Sidney). Técnico: Marinho
Rodrigues.
Foram 40 jogos de Cetale na equipe principal do Botafogo, de 1959 a 1961, sendo
29 amistosos, sete pelo Rio-São Paulo e quatro pelo Campeonato Carioca.
Chegou a surgir uma notícia de que o Atlético de Madrid estaria interessado em
contratá-lo. O Botafogo propôs aos espanhóis a troca de Cetale e Rossi por
Vavá, acrescentando ainda uma quantia. Não houve negociação.
Em 29 de maio
de 1962, o Botafogo comunicou à Federação Carioca que cedeu à Associação
Esportiva Guaratinguetá, de São Paulo, todos os direitos sobre o zagueiro
Cetale. Na mesma ocasião, a Esportiva contratou outros dois jogadores do
Botafogo: Frazão e Lamin, visando a disputa do Campeonato Paulista de 1962. Sua
estreia nessa competição aconteceu no dia 30 de setembro de 1962, no Brinco de
Ouro, em Campinas, com derrota para o Guarani, por 1 x 0.
Ao regressar de São Paulo, Cetale procurou novamente o Botafogo, onde Marinho
Rodrigues o apresentou a Gaudêncio Tiago de Melo, treinador brasileiro que
arregimentava jogadores para sua equipe, o Deportivo Cali, da Colômbia. No dia
19 de janeiro de 1963, Cetale embarcou para a Colômbia, contratado que foi pelo
alviverde colombiano.
Nada mais, nada menos, que oito brasileiros chegaram para o Deportivo Cali com
o objetivo de reforçar o clube visando reconquistar o prestígio de que já havia
desfrutado no futebol colombiano. Junto com Cetale chegaram Miguel e Nivaldo,
ex-Vasco da Gama, Ari Foca (ex-América), Cassiano (ex-Fluminense), Tiriça
(ex-Bangu), Nilson, ex-Bonsucesso, e Juarez, que havia atuado no Tolima na
temporada anterior.
Sua estreia no Deportivo Cali aconteceu em março de 1963, na vitória de 3 x 2
sobre o Atlético Nacional, de Medellín, com atuação discreta.
Não conseguiu se firmar como titular na equipe e, para piorar, machucou-se
gravemente no joelho, fazendo com que Cetale voltasse ao Brasil, para operar o
menisco com doutor Lídio Toledo, médico do Botafogo e da seleção brasileira.
Cetale não quis retornar à Colômbia e, em 25 de setembro de 1964 foi teve seu
contrato registrado com o Bonsucesso. Sua estreia aconteceu justamente contra o
Botafogo, com derrota de 1 x 0, em jogo válido pelo campeonato carioca de
aspirantes. O Bonsucesso formou com Jonas, Paulo, Cetale, Jurandir e Canário;
Rico e Joãozinho; Welis, Tilico, Nilo e Marinho.
Continuou na equipe secundária do Bonsucesso no ano de 1965. No dia 10 de
outubro, em Teixeira de Castro, Bonsucesso e Botafogo empataram em 0 x 0, em
jogo do campeonato carioca de aspirantes de 1965. Cetale foi expulso de campo.
A partir de 16 de abril de 1967, Cetale e outros jogadores brasileiros passaram
a disputar o primeiro campeonato de futebol profissional dos Estados Unidos.
Contratado pelo Chicago Spurs, Cetale disputou o campeonato da Divisão Oeste da National Professional Soccer League
(NPSL). Entre os cinco do seu grupo, o Chicago Spurs ficou em terceiro e não
passou para a decisão do campeonato.
Nos Estados Unidos ele encerrou a carreira e lá mesmo começou a trabalhar com
garotos mexicanos, colombianos, costa-riquenhos e argentinos num projeto para
jovens jogadores, chamado Panamericano.
Cetale voltou para São Paulo em 1998 e viveu momentos difíceis. Chegou a morar
num albergue público, no bairro do Canindé.
Quase dez anos depois, recuperou a dignidade como homem e profissional, obtendo
de seu ex-clube de juvenil, o Nacional, a oportunidade de trabalhar como
treinador nas categorias de base.
Acolhido por alguns diretores do Nacional, passou a morar nas dependências
do Estádio Nicolau Alayon.
Cetale morreu
em São Paulo (SP) no dia 21 de julho de 2013, vítima de falência múltipla dos
órgãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário