quinta-feira, 18 de maio de 2023

BOTAFOGUENSES ANÔNIMOS: Galego


Conrado de Oliveira, o Galego, nasceu em Santana do Livramento (RS), em 19 de fevereiro de 1922.
Antes de começar a carreira de jogador de futebol, Galego foi lutador de boxe. Lutou algumas vezes no Uruguai e, com a primeira derrota, chegou o desencanto. Assim, resolveu abandonar o boxe, iniciando-se na prática do futebol.
Aos 19 anos já fazia parte da equipe do 14 de Julho que conquistou o campeonato de Santana do Livramento de 1941, sete anos depois do último título citadino conquistado pelo clube rubro-negro.
Atuou duas vezes no selecionado gaúcho contra o Grêmio e o Brasil, de Pelotas, quando sofreu uma contusão.
Permaneceu no 14 de Julho até o mês de outubro de 1943, ano em que conquistou mais um título de campeão da cidade.
Chegou a ser convocado para compor o selecionado gaúcho, mas foi afastado em virtude de uma contusão sofrida num dos treinos preparatórios da seleção.
Passou, então, a despertar interesse de alguns clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo em sua contratação.
O Diário Carioca, em sua edição de 13 de agosto de 1943, trazia a seguinte nota: “Fala-se também que o alvinegro praiano (Santos) contratará Galego, elemento gaúcho de valor incontestável”.
Já o jornal carioca A Noite, de 4 de novembro de 1943, dizia: “A primeira aquisição do Flamengo para a temporada de 1944 foi a do jovem atacante gaúcho, Conrado de Oliveira, conhecido no futebol gaúcho pela alcunha de Galego”.
No dia 12 de novembro de 1943, Galego deixou o sul do País, por via férrea, chegando ao Rio de Janeiro e iniciando imediatamente os seus preparativos na Gávea.
Acabou não acertando com o Flamengo. Seu treinador, Flávio Costa, não tinha certeza sobre sua contratação.
Seu último treino no Flamengo aconteceu em 14 de janeiro de 1944, formando na equipe reserva.
Foi, então, convidado a ir para o Botafogo. Logo em seu primeiro treino, em 23 de janeiro de 1944, marcou dois gols no jogo-treino em que o Botafogo venceu o Ipiranga, de Niterói, por 9 x 0.
Logo percebeu que a briga pela camisa 9 no Botafogo não seria nada fácil, pois nesse jogo foi substituído por nada mais, nada menos, que Heleno de Freitas. Além deste, outro que poderia ocupar sua posição seria Octávio.
No treino de 1º de março de 1944, Galego marcou três gols na vitória do time titular sobre os suplentes, por 6 x 1.
Somente em abril de 1944, o contrato de Galego foi registrado junto à Federação Metropolitana de Futebol.
No treino de 19 de abril de 1944, Galego treinou no time reserva, marcando os dois gols da vitória de 2 x 0 sobre os titulares.
Sua estreia seria no dia 4 de junho de 1944, nas Laranjeiras, pelo Torneio Municipal. Aproveitando-se das contusões de Octávio e Heleno de Freitas, Galego foi o titular na vitória do Botafogo sobre o Canto do Rio, por 2 x 1. Galego teve participação decisiva nos dois gols: no primeiro, chutando para o goleiro defender e Franquito marcar e, no segundo, quando chutou para o gol e um zagueiro do Canto do Rio desviou para suas próprias redes.
Posteriormente, esse jogo foi anulado, sob a alegação de erro de direito.
Seu primeiro e único jogo na equipe titular do Botafogo aconteceria, então, em 25 de junho de 1944, na derrota de 3 x 0 diante do América, também válido pelo Torneio Municipal.
Continuou na reserva do Botafogo, quase sempre marcando gols nos treinos
No dia 5 de março de 1945, um time misto do Botafogo venceu o Central, de Barra do Piraí, por 5 x 3, tendo Galego marcado um dos gols.
Em junho de 1946, foi emprestado ao Santos para um amistoso que este clube faria em São José do Rio Preto (SP). O alvinegro santista venceu por 7 x 3, Galego deixou impressão favorável, não tendo, entretanto, o Santos tomado qualquer resolução a seu respeito. Não considerando boas as condições apresentadas pelo Botafogo para a compra do passe de Galego, o Santos resolveu desinteressar-se pelo seu concurso.
Nos anos de 1945 e 1946, continuou na reserva do Botafogo, disputou amistosos com o time misto e chegou a pedir sua reversão para a categoria de amadores, fato que alterou quando apareceu a proposta de aquisição do seu passe pelo Santa Cruz, de Recife (PE).
Chegou em Recife no dia 22 de maio de 1947. Menos de 24 horas depois de sua chegada, treinou com seus novos companheiros, marcando três gols na vitória do time titular sobre os reservas.
Estreou no time principal num amistoso realizado em 16 de junho de 1947, na cidade de Catende, interior de Pernambuco, com vitória sobre o local Leão XIII, por 2 x 1.
Sua estreia oficial foi no dia 22 de junho de 1947, com derrota para o Sport Recife, por 2 x 1. Ainda assim, o Santa Cruz venceu o primeiro turno e qualificou-se para a final do campeonato.
Foi aí que chegou o jogo contra o Sport Recife, válido pelo segundo turno, no dia 25 de janeiro de 1948, com nova derrota, desta vez por 2 x 1.
Quando já perdia o jogo, no segundo tempo, Galego jogou a bola contra o rosto do árbitro alagoano Argemiro Bredas, sendo expulso de campo. Tentou resistir a ordem do árbitro e provocou confusão em campo. Entraram em ação o presidente e o diretor do Departamento Terrestre da Federação Pernambucana de Desportos e o retiraram do gramado.
Por ato do Presidente da F. P. D., Osvaldo Salsa, Galego foi suspenso por tempo indeterminado e ameaçado de eliminação do futebol pernambucano.
Ficou de fora da final do Campeonato Pernambucano, meses depois, em abril de 1958, quando o Santa Cruz derrotou o América (vencedor do 2º turno) em duas oportunidades e chegou ao bicampeonato pernambucano.
Em maio de 1948 surgiu a notícia de que Galego pretendia retornar ao Rio de Janeiro para ingressar no Olaria. Isso não aconteceu.
Um mês depois, junho de 1948, após não chegar a um acordo para sua transferência para o Íbis, resolveu permanecer por mais seis meses no Santa Cruz.
Em outubro, Ypiranga e Bahia, ambos de Salvador-BA, se mostraram interessados em alguns jogadores do Santa Cruz, dentre eles estava Galego.
Em novembro de 1948, dois jogadores do Santa Cruz, Laerte e Galego foram contratados pelo Moto Club, de São Luís (MA), que pagou oito mil cruzeiros pelos passes dos dois atletas e dez mil cruzeiros de luvas a cada um.
No Santa Cruz foram dezesseis jogos disputados e seis gols marcados.
No Moto Club, encontrou um outro jogador chamado Galego, e passou a ser chamado de Galegão ou Galego II.
Estreou no dia 5 de fevereiro de 1949, na goleada sobre o Maranhão, por 4 x 1, sem marcar gol.
Em 3 de julho de 1949 foi emprestado ao Santa Isabel, de São Luís, para a disputa de amistosos.
Jogou no Moto Club, já conhecido como “Papão do Norte”, até o final de 1949, chegando a integrar a equipe que conquistou o hexacampeonato maranhense neste ano.

Colaboraram: João Batista Lopes da Silva, José Luiz Tavares Maciel e Vitor Gregório, do Almanaque da Bola, e Manoel Raimundo do Amaral (in memoriam).
Fontes consultadas: A Noite (RJ), Jornal dos Sports, Diário de Pernambuco, Diário de São Luís e livro “Primeiro Rubro-Negro do Brasil”, de João Batista Conceição.

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