terça-feira, 14 de agosto de 2012

RETRATO EM PRETO E BRANCO: Manga


Considerado o melhor goleiro da história do Botafogo, Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, tinha físico privilegiado, coragem, elasticidade, mãos enormes - que sofreriam inúmeras fraturas -, firmeza no jogo aéreo, ótima colocação e reflexo.
O “Dia do Goleiro” é comemorado em homenagem ao dia do seu aniversário, 26 de abril.
T
erceiro filho do casal José e Élida, Manga nasceu em 26 de abril de 1937, no Pina, bairro do Recife (PE).
Sua infância foi normal, sem nenhum acidente que mereça ser registrado, a não ser que gostava muito de futebol e sempre que havia uma bola de meia (Manga sabia fazê-la, e bem) as peladas começavam, onde houvesse um lugar: terreno baldio, rua pouco movimentada etc. Manga era atacante e fazia seus gols, embora fosse grosso para controlar a bola ou dar um passe. Marcava os gols no peito e na raça.
As aulas sempre deram vez às peladas e Manga não hesitava em deixar de ir à escola para correr atrás da bola.
A pouca intimidade com a bola e sua altura (1,86 m) fizeram com que, quando resolveu trocar os estudos pelo futebol, optasse pela posição de goleiro. Em 1954, aos 17 anos, chegou à equipe juvenil do Sport Recife, onde foi campeão juvenil invicto ao lado de Almir Pernambuquinho.

Sua estréia na equipe principal do Sport aconteceu durante uma excursão que o clube pernambucano fez ao exterior, iniciada em 6 de abril de 1957. Manga era um dos três goleiros que embarcaram, juntamente com Oswaldo Baliza e Carijó.
Oswaldo Baliza contundiu-se em Lisboa e Manga assumiu o arco do rubro-negro recifense, estreando no dia 22 de abril de 1957 em Haifa, Israel, quatro dias antes de completar 20 anos de idade. O Sport venceu o Haifa Maccabi, de Israel, por 5 x 1.
Neste mesmo ano, tornou-se titular absoluto do gol do Sport a partir de 7 de julho, num amistoso contra o Náutico (0 x 0). Disputou 39 jogos em 1957.
Em 1958 disputou 54 jogos e sagrou-se campeão pernambucano.

No ano seguinte, foram mais 43 jogos pelo Sport, sendo que no dia 5 de julho de 1959 disputou a última partida no Sport, na vitória de 4 x 3 sobre o Ferroviário, válido pelo primeiro turno do campeonato pernambucano.
Foi contratado pelo Botafogo, onde fez sua estréia no dia 18 de julho de 1959, no Maracanã, na vitória de 2 x 0 sobre a Portuguesa, em jogo do campeonato carioca daquele ano.
Nos quase nove anos que permaneceu no Botafogo, Manga conquistou muitos títulos. Foi campeão carioca nos anos de 1961, 1962, 1967 e 1968; do Torneio Início do Rio de Janeiro em 1961 e 1962; do Torneio Rio-São Paulo em 1962, 1964 e 1966; do Torneio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte (MG) em 1964 e da Taça Guanabara em 1967. Também conquistou diversos torneios internacionais, tais como Triangular Internacional da Costa Rica (1961), Pentagonal do México (1962), Torneio de Paris (1963), Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz, Bolívia (1964), Quadrangular do Suriname
(1964), Taça Círculo de Periódicos Esportivos de Caracas (1966),
Taça Carranza de Buenos Aires (1966), Triangular de Caracas (1967) e Hexagonal do México (1968).
Ao todo, foram 442 jogos disputados e 394 gols sofridos.
Disputou quinze jogos pela Seleção Brasileira, sendo doze oficiais, entre 6 de junho de 1965 (o primeiro), na vitória de 2 x 0 sobre a Alemanha Ocidental, e 19 de setembro de 1967, último jogo pela Seleção Brasileira, na vitória de 1 x 0 sobre o Chile.
Disputou a Copa do Mundo de 1966, jogando apenas contra Portugal.
Sua despedida do Botafogo aconteceu em 28 de abril de 1968, no Maracanã, com derrota de 2 x 0 diante do Vasco da Gama, pelo campeonato carioca.
Transferiu-se para
o Nacional, de Montevidéu, Uruguai, onde jogou de 7 de setembro de 1968 (sua estréia contra o Danubio) a junho de 1974, sempre como titular. Foi tetracampeão uruguaio de 1969 a 1972, campeão da Libertadores da América e do Mundial Interclubes em 1971.
Em 1971, recebeu o título de "Desportista do Ano" no Uruguai.
Em 1972, recebeu distinção maior: o "Charrua de Ouro", para o melhor jogador.
No dia 30 de maio de 1973, jogando pelo Nacional, no Estádio Centenário, em Montevidéu, ao rebater uma bola em sua área, encobriu o goleiro Posadas e marcou um dos sete gols da goleada que o Nacional impôs ao Racing pelo campeonato uruguaio.
Por suas atuações, a imprensa local ainda o tem como o melhor goleiro que apareceu no país.
Retornou ao Brasil em 1974, contratado pelo Internacional, de Porto Alegre (RS), onde estreou no dia 24 de julho de 1974, no Morumbi, contra o Santos, perdendo por 2 x 1.
Até 1976, fez 210 jogos pelo Internacional, sofrendo 109 gols. Ganhou três títulos gaúchos (1974 a 1976) e dois Campeonatos Brasileiros (1975 e 1976).
Em 1977, ganhou o campeonato estadual do Mato Grosso do Sul e disputou o Campeonato Brasileiro pelo Operário, levando a equipe de Campo Grande
às semifinais dessa competição.
No Coritiba, foi campeão paranaense em 1978.
Concluindo sua trajetória no Brasil, ele defendeu o Grêmio, de Porto Alegre e voltou a ganhar mais um título, o de campeão gaúcho de 1979.
Dois anos depois, Manga sagrou-se campeão no equatoriano Barcelona, de Guayaquil, encerrando a carreira em 1982, aos 45 anos. E passou a trabalhar por lá na função de treinador de goleiro, indo depois para Miami, nos Estados Unidos, onde trabalharia em escolinhas de futebol, aposentou-se e passou a viver tranqüilamente em Little Havana, em Miami, na Flórida.
Eleito o melhor goleiro do Botafogo e do Internacional em todos os tempos, segundo pesquisa realizada pela revista esportiva Placar, entre jornalistas, dirigentes, jogadores e torcedores, no ano de 1982.
Sua performance fez Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, confessar: "Foi o melhor goleiro que passou pelo Botafogo desde que me conheço por gente". E é possível que Garrincha, Didi e Amarildo, outros artistas e ídolos do alvinegro, pensassem o mesmo do goleiro, a quem chamavam carinhosamente de Manguinha.
Mas, viciado e perdedor no baralho, Manga tomava empréstimos para cobrir dívida da jogatina. E depois pedia mais dinheiro ao clube. Para o jornalista João Saldanha, tal penúria expunha seu frágil caráter - e, adiante, isso seria o estopim da desavença entre eles.
Embora instável, Manga - pelo que fez no Botafogo e na seleção brasileira - cativava a todos. O seu porte físico e o arrojo impunham respeito, e era admirado pela elegância.
Há estudiosos do futebol que o vêem como o melhor goleiro nacional de todos os tempos.
No dia 1º de maio de 2010, Manga saiu de Guayaquil, onde estava vivendo e mantinha uma escolinha de goleiros, contratado pelo Internacional, de Porto Alegre, com o objetivo de suprir a carência na formação de novos goleiros, colaborando na preparação de goleiros das categorias de base do clube, além de participar de festas do Internacional no interior do Estado e pelo País.
Manga também tinha três irmãos boleiros: Manguito, Dedé e Alemão, que se destacaram no futebol pernambucano. O último, inclusive, era zagueiro central e atuou no América, do Rio de Janeiro, sendo bom batedor de faltas e pênaltis. Dedé brilhou no Sport Club do Recife.

Um comentário:

  1. Manga, Alemão, Dede e Manguito, Quatro Irmãos, moravam na ilha do leite. Passavam na Rua de São Gonçalo, e Eu (Regildo e meu Irmão (Antônio, já falecido), juntos iamos treinar no Sport (ILHA DO RETIRO)
    no juvenil. O técnico na oportunidade foi falar com meu pai, para que Eu e Meu irmão assinassemos um contrato para jogar futebol. Meu pai não concordou dizendo, filho meu não joga bola, filho meu estuda.
    E olha Ele (Reginaldo) era vidrado no Sport Club do Recife. Treinei e remei pelo Sport. Saudade.
    Sucesso ao amigo (Manga). O Sport deve dar ao mesmo uma Oportunidade. Tem muito que ensinar.
    Demorou tanto a levar um gol no Botafogo, que quem primeiro fizesse um gol no manga, iria ganhar um
    cacho de manga. Recuperem comentários dos cronistas na época. Imagem maravilhosa na Revista O Cruzeiro, ou Manchete na época mostra ele defendendo uma bola com o corpo em Arco como na grande área. Belíssima Imagem. Sou a favor da diretória do Sport dar ao mesmo a oportunidade para ensinar ao Mailson todo o seu conhecimento. Sucesso Amigo, Sempre. Um abraço Regildo

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