Centroavante no estilo trombador, chute forte, excelente colocação na área e grande cabeceador.
Ele é o segundo maior artilheiro da história do Botafogo com 261 gols registrados (atrás apenas de Quarentinha com 307) e o que fez mais tentos pelo clube em termos de campeonatos estaduais. Foi um dos dois únicos jogadores alvinegros, ao lado de Nilo, a participar da campanha de todos os títulos que culminaram no único tetracampeonato do futebol do Rio de Janeiro.
Disputou doze campeonatos cariocas pelo Botafogo, sendo por nove vezes seu artilheiro-mor e em três goleador máximo da competição.
Se isso não bastasse, participou de duas Copas do Mundo (1930 e 1934) e fez com a camisa da Seleção Brasileira 25 gols em 15 jogos. Por tudo isso, Carvalho Leite é considerado por muitos como o primeiro grande ídolo da imensa galeria de craques alvinegros de todos os tempos.
Começou sua carreira em Petrópolis, jogando pelo Petropolitano. Lá, já demonstrava seus dotes de grande artilheiro e, após integrar a Seleção do Estado do Rio, ao lado de outros futuros jogadores alvinegros como Ariel, Canalli e Afonsinho, foi trazido para General Severiano pelas mãos de Homero Borges da Fonseca, seu amigo e, como não poderia deixar de ser, um apaixonado pelas cores do Botafogo.
Corria o ano de 1929, e Leite já começava a se destacar nos treinos e amistosos, porém sem que ainda pudesse jogar oficialmente pelo novo clube, já que o regulamento da época exigia que, após a transferência de uma liga para a outra, o jogador tivesse que cumprir o estágio de um ano na nova entidade.
Sua estréia aconteceu no dia 14 de setembro de 1929, no estádio das Laranjeiras, na preliminar do jogo em que o time italiano do Bologna foi derrotado pela seleção carioca por 3 x 1. O Botafogo derrotou por 4 x 2 um combinado de jogadores da A.M.E.A. Além de Carvalho Leite, estrearam outros jovens que defendiam as cores do Petropolitano: seu irmão Fernando, Heitor Canalli e Ariel Nogueira, todos eles propostos sócios pelo dedicado e veterano Homero Borges da Fonseca. Os gols do Botafogo foram marcados por Juju (2), Burlamaqui e Paulinho e o time formou assim: Germano, Alemão e Fernando; Canalli, Ariel e Burlamaqui; Álvaro, Paulinho, Juca da Praia, Carvalho Leite e Juju.
O primeiro gol com a camisa do Botafogo viria menos de um mês depois, a 12 de outubro de 1929, num amistoso em Vitória (ES), na vitória de 3 x 0 sobre o local Floriano.
Assim, o primeiro campeonato que disputou foi o de 1930. O Botafogo vinha de um jejum de 18 anos sem títulos cariocas e o time aliou a experência de veteranos como Nilo, Octacílio, Pamplona e Ariza com o jovem talento de Germano, Martim Silveira, Paulinho Goulart e, principalmente dele, Carvalho Leite.
Dessa forma, foi formada a base para um grande time que conquistaria, não só o título desse mesmo ano, como também os de 1932, 1933, 1934 e 1935. Foi o artilheiro da conquista de 1930, com 14 gols. Ainda no mesmo ano, sua trajetória brilhante o levou a condição de titular logo na primeira Copa do Mundo da qual participou. Porém, a sorte não ajudou no Uruguai. Uma luxação no braço direito o tirou da partida de estréia do Brasil contra a Iugoslávia. Com a derrota neste jogo, a equipe brasileira iria apenas cumprir tabela no jogo seguinte contra a Bolívia, em 22 de julho de 1930.
Um jogo qualquer para muitos, mas não para Carvalho Leite que queria sentir o gostinho de vestir pela primeira vez a camisa da Seleção. Mostrando fibra, ele mesmo optou por tirar o gesso do próprio braço, e, dizendo-se recuperado, participou da vitória brasileira por 4 x 0. Apesar de não ter feito gols, foi muito elogiado pela imprensa uruguaia por ter sido o autor dos passes precisos que resultaram em dois dos gols brasileiros. Isso tudo, apesar das dores que o atormentaram no decorrer da partida.
Em 1931, foi emprestado ao Vasco da Gama, juntamente com Nilo e Benedito, para uma excursão à Europa. O Botafogo também excursionou, e, na volta, não houve tempo suficiente para se obter um melhor entrosamento para o time. Dessa forma, nem mesmo os 13 gols que o fizeram vice-artilheiro do campeonato foram suficientes para dar o bicampeonato carioca ao Glorioso.
Neste mesmo ano, num amistoso entre Rio de Janeiro e São Paulo, no qual Carvalho Leite fez de tudo, de passes milimétricos a gols espetaculares, o Príncipe de Gales, que aproveitara sua visita à Cidade Maravilhosa para assistir ao jogo nas Laranjeiras, fez questão de ir ao vestiário cumprimentá-lo pela excelente partida realizada.
Os quatro anos seguintes seriam de puro festejo e alegria para o Botafogo. E para Carvalho Leite não poderia ser diferente: tetracampeão carioca, artilheiro alvinegro nas conquistas de 1932 (20 gols) e 1935 (16). Segundo suas próprias palavras, o time se entendia as mil maravilhas, tanto dentro como fora dos gramados.
Veio a Copa do Mundo de 1934, na Itália, competição que não lhe deixou boas recordações. O Brasil estreou jogando em Gênova contra a Espanha numa partida eliminatória. Carvalho Leite, que à época revezava-se com Armandinho, ao lado de Leônidas da Silva, no ataque da Seleção, acabou ficando na reserva. A equipe perdeu e voltou mais cedo para casa. Após a Copa, excursionou com o selecionado por diversos países da Europa e acabou por tomar de vez a posição de Armandinho. Só que aí já era tarde demais: o sonho de se tornar campeão do mundo estava definitivamente terminado. Restou o consolo de ter jogado ao lado dos dois maiores jogadores que viu jogar naqueles tempos: Waldemar de Brito e Leônidas da Silva.
De 1936 a 1940, o Botafogo não conquistou mais títulos cariocas, mas Carvalho Leite afirmou cada vez mais sua condição de goleador, sendo o artilheiro do Glorioso nesses cinco anos consecutivos. Conquistou, também, a artilharia máxima dos campeonatos do Rio de Janeiro em 1936, 1938 e 1939, com 15, 16 (empatado com Leônidas, do Flamengo) e 22 gols, respectivamente.
Em 1940, seu último ano jogando uma temporada inteira pelo Botafogo, Carvalho Leite se contundiu no decorrer do campeonato, mas, mesmo assim, seus 10 gols foram suficientes para torná-lo um dos artilheiros do time na competição, ao lado de Pascoal e Patesko.
No dia 17 de março de 1940 fez sua última apresentação pela Seleção Brasileira, com derrota para a Argentina, por 5 x 1.
Em 18 de maio de 1941, em General Severiano, ao machucar-se gravemente no primeiro tempo de um jogo contra o Bonsucesso (vitória de 5 x 1), retirou-se dos gramados para nunca mais voltar. Neste jogo também aconteceu seu último gol com a camisa do Botafogo.
Fez com que uma grande lacuna fosse aberta, lacuna essa que foi prontamente preenchida por um jovem rebelde que aprendeu muita coisa ao seu lado. Jovem este que, como ele, chutava com os dois pés, cabeceava de forma certeira, era vaidoso e fazia tanto sucesso com as mulheres quanto o já doutor do Botafogo. Seu nome: Heleno de Freitas.
Seu último jogo com a camisa do Botafogo aconteceu em 15 de janeiro de 1942, em Salvador (BA), no amistoso contra o Bahia, com vitória de 3 x 1. Geraldino, duas vezes, e Geninho, marcaram os gols da vitória alvinegra.
Além dos títulos conseguidos no Botafogo, foi campeão brasileiro jogando pela Seleção Carioca em 1931, 1935, 1938 e 1939.
Pertenceu ao extinto Colégio de Árbitros e, formado em Medicina, foi o responsável pelo departamento especializado do Botafogo, cargo que ocupou por quase cinqüenta anos.
Foi treinador do Botafogo em várias ocasiões. De 1941 a 1943 e de 1951 a 1953.
Faleceu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, no dia 19 de julho de 2004.
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