Um amigo seu de peladas,
Tossoni, havia seguido para jogar no Tigre, na divisão secundária, e o convidou
para ir também.
Basso se formou no pequeno
Tigre e foi promovido ao time adulto em 1941. Estreou na 16ª rodada, em 1 x 1 contra
o Gimnasia y Esgrima, em La Plata, e logo firmou-se na titularidade. O Tigre
terminou em décimo lugar e com a sétima melhor defesa do campeonato argentino,
algo notável em um cenário onde os grandes eram seis (Boca Juniors, River Plate,
Racing, Independiente, San Lorenzo e o Huracán).
Mas, em 1942, o Tigre foi
o último colocado e caiu para a Segunda Divisão. O insucesso não foi exatamente
atribuído ao zagueiro, que só participou basicamente da metade inicial da
campanha do Tigre, até a 17ª das 30 rodadas. Tanto assim que Basso foi contratado
por um River Plate campeão desse ano.
Já havia deixado seus
estudos de Engenharia quando se transferiu para o San Lorenzo e ali logo se
consolidou no time treinado pelo húngaro Emérico Hirschl. Em uma época de
defensores rudes, destacou-se pelo jogo limpo e cavalheiro, ainda que a
concorrência fortíssima de uma geração dourada o desgastasse na seleção: nas
Copas América de 1945 e 1946, o zagueiro direito indiscutível era Salomón,
capitão e por trinta anos o recordista de jogos pela seleção da Argentina.
O melhor de Basso viria
justamente no decorrer de 1946. O San Lorenzo de 1946 conseguiu o feito de
somar 90 gols (em 30 jogos), números não superados por ninguém no campeonato
argentino naquela década.
Basso foi um dos três jogadores
do San Lorenzo que estiveram em todos os trinta jogos da trajetória campeã, ao
lado de Angel Zubieta e de Armando Farro. Foi o único título argentino do San
Lorenzo entre 1936 e 1959. Para celebrar o título, o clube organizou sua
primeira excursão à Europa, passando por Espanha e Portugal. Basso esteve presente
em todas as dez partidas de uma viagem memorável, aí incluídas vitórias sobre o
Atlético Aviación (atual Atlético de Madrid – 4 x 1), duas vezes sobre a
seleção da Espanha (7 x 5 e 6 x 1), 3 x 3 com o Athletic Bilbao, 1 x 1 com o
Valencia, 0 x 0 com o Deportivo La Coruña, 5 x 5 com o Sevilla (campeão de La
Liga na temporada 1946-47), 9 x 4 no Porto e 10 x 4 na seleção portuguesa. Os 7
x 5 sobre a seleção da Espanha seriam incluídos, em 2020, pelo jornal
madrilenho “As” como um dos 100 jogos históricos dos próprios derrotados.
A greve não foi atendida e
isso levaria ao exílio de astros de diversos clubes, especialmente ao Eldorado
Colombiano. A Europa foi outro destino natural. Junto com outros dois argentinos,
Basso rumou à Itália, para jogar na Internazionale, de Milão.
Basso ficou só uma
temporada no “calcio”. Retornou para Buenos Aires manifestando o propósito de
não regressar à Itália, salientando que existia essa intenção por parte de
outros jogadores sul-americanos que atuavam na Europa, todos temendo o perigo
de uma nova guerra e que, de um momento para outro se visse envolvido em um
conflito armado.
Nada menos que cinco
clubes estavam interessados na aquisição de Basso. Foi, então, que Geraldo
Romualdo da Silva, do Jornal dos Sports, escreveu sobre o Botafogo ao
argentino. Já no Brasil, foi levado a General Severiano pelo radialista Luís
Mendes.
Isso aconteceu em 24 de
setembro de 1950, em Caio Martins, na derrota de 1 x 0 para o Canto do Rio. Formou
o Botafogo com Oswaldo Baliza, Basso e Nilton Santos; Rubinho, Souza e Carlito;
Vivinho, Neca, Pirilo, Zezinho e Careca. Técnico: Carvalho Leite. Foram 14
jogos em 1950, com 11 vitórias, um empate e duas derrotas.
Basso só jogou o Estadual
de 1950 (que já estava em andamento), o primeiro na Era do Maracanã. Naquele
estadual, o Botafogo ficou em 4º lugar.
Em 1951, foram apenas
três, com uma vitória e duas derrotas.
Depois de haver atuado com
brilho durante o campeonato carioca, Basso estava propenso a permanecer no
Botafogo, onde fez excelentes amizades.
No dia 15 de fevereiro de
1951 o Botafogo comunicou à Federação Metropolitana de Futebol que prorrogaria
por sete meses o contrato de Basso.
O zagueiro foi na excursão
ao Chile com a sua situação regularizada. Quando o Botafogo retornou, Basso não
acompanhou a delegação até o Rio de Janeiro. Demonstrou interesse em permanecer
em Buenos Aires, preocupado, principalmente, com a enfermidade de sua esposa.
No dia 8 de março de 1951
o Botafogo recebeu uma carta de Basso solicitando rescisão do seu contrato,
unicamente devida à enfermidade de sua esposa, em tratamento na capital
argentina.
Em 1951, Basso foi
anistiado na Argentina por seu papel na greve e acertou sua volta ao San
Lorenzo; reestreando na liga argentina na 16ª rodada desse ano, um 0 x 0 com o
River Plate, em 29 de julho. O mesmo duelo, no returno, com Basso em campo,
seria o primeiro jogo televisionado da história do futebol argentino. Seguia a
qualidade do defensor. Ídolo do Boca Juniors nos anos 50, Borello declarou: “Eu
preferia jogar contra Dellacha ou Pizarro, que iam ao choque. Por outro lado,
ficava louco com Oscar Basso, que me antecipava sempre e saía jogando”
(Dellacha, de fato, seria descrito por Pelé como seu mais duro marcador).
Depois do jogo contra o
River Plate, Basso marcou os dois gols da vitória sobre o Platense, por 2 x 1, em
duas cobranças de penalidades máximas ocorridas durante o jogo.
Sem faltar em um só jogo
da liga argentina em 1952, 1953 e 1954, Basso penduraria as chuteiras em 1955
após um ano inteiro só sendo utilizado em amistosos do San Lorenzo. Em 1955, a
revista El Gráfico dedicou-lhe essas palavras: “Quão terá jogado esse homem que
brilhou frente aos atacantes que o enfrentaram com tudo, porque sabiam que não
receberiam golpes!”.
Dentre os jogos de segunda
etapa de Basso no San Lorenzo, destaque para o amistoso internacional com
vitória de 4 x 1 sobre os ex-companheiros de Botafogo em 20 de março de 1953, no
Torneio Quadrangular de Buenos Aires.
Mesmo com tão poucos jogos
pelo Botafogo, Basso foi lembrado em 1982 e reeleito em 1994, em enquete
promovida pela revista Placar, para fazer parte do “Botafogo de Todos os
Tempos”, votado por figuras ilustres como Nilton Santos, Didi, Zagalo, Armando
Nogueira, Sandro Moreyra, Paulo Amaral, dentre outros.
O “Botafogo dos sonhos”
teria Manga no gol, Carlos Alberto Torres e Nilton Santos nas laterais, com
Sebastião Leônidas formando o miolo de zaga com Basso.
Falecido em 2007, Basso
também foi bastante reconhecido no futebol de seu país, ainda que não chegasse
a defender a seleção, situação atrelada a fatores políticos.
No ano em que o San
Lorenzo celebrou seu centenário (2008) e publicou o “Diccionario Azulgrana”,
com verbetes de todos os jogadores que defenderam o clube, um seleto grupo de
personalidades mereceu uma página inteira ou mais. Basso foi uma delas,
descrito como “um pedaço substancial da história azulgrana” e “um jogador de
ouro para uma época de ouro”.
Antes, a revista El
Gráfico recordou do zagueiro como alguém que desarmava limpamente e então saía
jogando “como se pedisse licença”.
Fontes:
Esporte Ilustrado
Futebol Portenho
Jornal dos Sports
Mundo Esportivo
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