sábado, 26 de março de 2011

O PRIMEIRO JOGO INTERESTADUAL DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL


Patrocinado pela Federação Paulista de Futebol, realizou-se no dia 15 de outubro de 1933, à tarde, no campo do C. A. Juventus, um encontro amistoso entre o selecionado oficial daquela Federação e o primeiro quadro do Botafogo F. C., do Rio de Janeiro.
Era uma partida em torno da qual reinava grande interesse, considerando-se o fato de ser a primeira vez que iria atuar a seleção de amadores de São Paulo e contra um conjunto que muito se tem imposto na Capital da República, tendo sido o campeão carioca do último ano.
Entretanto, a partida não correspondeu à expectativa. Ambos os contendores tiveram atuação que muito deixou a desejar. Foi completamente falho de técnica, se bem que equilibrado, motivo porque, achamos que um empate seria um resultado mais justo.
Os dois quadros agiram, em verdade, com muito entusiasmo, mas quase completamente desorientados. Os passes trocados entre os 22 elementos, com raras exceções, eram indecisos e falhos. Tivemos mesmo a impressão que muitos jogadores se encontram bem fora de forma, quer no onze paulista, quer no carioca.
Momentos houve, não resta dúvida, em que algumas jogadas puderam empolgar a pequena assistência, mas esses momentos eram logo desfeitos com um chute desorientado de algum jogador.
Poucas foram as avançadas, de ambas as partes, que terminaram com bom arremate e, conseqüentemente, puderam proporcionar defesas perigosas.
A linha atacante dos guanabarinos, sem o concurso de Nilo e Paulinho, não se entendia. Somente Carvalho Leite teve ocasião de demonstrar que ainda possui um jogo mais ou menos técnico, com os seus passes sempre bem orientados, mas inutilizados por seus companheiros.
O quinteto atacante paulista teve em Raul e Barão os seus dois melhores homens.
Foi, como vemos, uma partida onde a técnica foi substituída pela grande vontade de vencer de que se achavam possuídos os jogadores em campo.
Arbitrou o encontro o Sr. Mário Passerotti, cuja atuação foi bastante fraca. Mostrou-se, não poucas vezes, indeciso, o que prejudicou sobremaneira o desenvolver do prélio. Anulou um tento marcado por Carvalho Leite, ponto esse que, ao nosso ver, foi bastante lícito, para, logo a seguir, consignar um dos paulistas, marcado por Pupo, quando este jogador se encontrava em visível impedimento.

OS QUADROS

Os conjuntos jogaram com as seguintes organizações:
BOTAFOGO: Victor, Ludovico e Vicente; Mosqueira, Ariel e Pamplona; Átila (Waldyr), Eloy, Carvalho Leite, Jayme e Pirica.
FEDERAÇÃO PAULISTA: José Roberto, Nenucho e Segalla; Nerino, Dudu e Munhoz; Raul, Barão, Miguel, Ratto e Pupo.

Fonte: Folha da Noite, 16.10.1933.

Notas do Jornal do Brasil:
1. Com seis minutos de jogo, Raul marca o primeiro gol da seleção paulista;
2. Aos trinta e três minutos, Segalla tem uma indecisão, do que se aproveita Carvalho Leite para empatar;
3. O primeiro tempo termina com empate em 1 x 1;
4. Carvalho Leite fez um gol que o árbitro anulou por impedimento;
5. Nos últimos momentos do jogo, Pupo consegue fazer o segundo ponto dos paulistas. O segundo tento os locais foi feito quando Pupo estava em impedimento e o árbitro não assinalou.

sexta-feira, 4 de março de 2011

JOGOS INESQUECÍVEIS: BOTAFOGO 4 x 4 SÃO CRISTÓVÃO


Esta partida válida pelo Campeonato Carioca de 1928, travou-se no campo da rua Figueira de Melo, perante grande assistência, no dia 27 de maio.
A partida preliminar, muito movimentada, terminou com o empate de 2 x 2.
Para o jogo principal os dois quadros se alinharam sob as ordens do árbitro Alberto Costa, do Vasco da Gama, com as seguintes escalações:
SÃO CRISTÓVÃO: Balthazar, Jaburu e Zé Luiz; Waldo, Henrique e Ernesto; Tinduca, Renato, Vicente, Arthur e Theophilo.
BOTAFOGO: Clóvis, Otacílio e Alemão; Cotia, Aguiar e Pamplona; Henrique, Benedito, Rogério, Aché e Claudionor.
O jogo foi iniciado com forte ataque do São Cristóvão, que conquistou seu primeiro ponto nos primeiros minutos, por intermédio de Renato.
O mesmo jogador conquistou, de forma belíssima, o segundo ponto, seis minutos após.
O Botafogo reage, mas sua linha arremata pessimamente. Batendo com violência uma falta, Rogério conquistou o primeiro ponto do Botafogo.
Reage o São Cristóvão e meio minuto após Arthur conquista mais um ponto.
Termina o primeiro tempo com a contagem de 3 x 1 a favor do São Cristóvão.
Para o segundo tempo, ambas as equipes sofreram modificações: no Botafogo, entrou Juca no lugar de Aché e, no São Cristóvão, Lúcio substituiu Jaburu, que saíra de campo machucado, sem ser substituído.
Nessa fase, o Botafogo atacou formemente, numa formidável reação, enquanto o São Cristóvão se desnorteava, fracassando alguns de seus jogadores, inclusive o goleiro Balthazar que, numa defesa infeliz, permitiu que Juca conquistasse, aos três minutos de jogo, o segundo ponto botafoguense.
O jogo manteve-se animado, atacando sempre o Botafogo e fazendo perigar constantemente o posto contrário. O São Cristóvão organizou alguns ataques que, ou eram mal arrematados, ou eram aparados pelo triângulo final contrário.
Aos 33 minutos de jogo, Claudionor conquistou o ponto do empate e seis minutos Juca conquistou o quarto ponto do Botafogo.
Por essa ocasião, vários assistentes entraram em campo, entusiasmados, para felicitar o autor do quarto ponto. Esse gesto, infeliz, gerou um atrito sério entre essas pessoas e os jogadores locais, degenerando o incidente em um conflito, que estendeu até as arquibancadas, onde a polícia teve de entrar em ação para acalmar os ânimos, fazendo algumas prisões.
Por esse motivo, esteve o jogo interrompido por 10 minutos. Recomeçado, entrou no quadro do São Cristóvão Luiz Villares em lugar de Renato. O clube local procura recuperar a vitória.
Bate-se um corner contra o Botafogo sob os protestos de seus jogadores. Henrique conquista, então, o quarto ponto local, empatando novamente a partida.
Cinco minutos depois termina a partida com um empate de 4 x 4.

Fonte: Folha da Manhã