O Botafogo conquistou o campeonato carioca de 1932 com cinco pontos de vantagem sobre o Flamengo, vice-campeão.
Pensando em premiar os jogadores campeões, a diretoria do Botafogo aceitou um convite para uma excursão ao Rio Grande do Sul.
Essa viagem, desgraçadamente, foi marcada pela fatalidade.
O grande craque Nilo, que acabara de ficar noivo, não quis viajar. O Botafogo convidou os jogadores Russinho, do Vasco da Gama, e Popó, do Andarahy.
No dia 9 de novembro de 1932, pelo vapor “Araçatuba”, a delegação do Botafogo seguiu para Porto Alegre, assim constituída: Chefes – Carlos Martins da “Carlito” Rocha e Alarico Maciel; Técnico – Nicolas Ladanyi; Jogadores (16) – Victor, Benedicto, Rodrigues, Afonso, Martim, Canalli, Álvaro, Paulinho, Carvalho Leite, Almir, Celso, Pedrosa, Rogério, Ariel, Russinho e Popó.
Com o quadro exausto, o Botafogo estreou no feriado de 15 de novembro, no estádio dos Eucaliptos, perdendo de 3 x 2 para o Internacional. Russinho e Álvaro marcaram para o Botafogo e Venenoso, duas vezes, e Tupan fizeram os gols do colorado gaúcho. Nestor Pereira foi o árbitro da partida. Assim formaram as equipes: BOTAFOGO: Victor, Benedicto e Rodrigues; Afonso (Ariel), Martim e Canalli; Álvaro, Almir, Carvalho Leite, Russinho e Celso.
INTERNACIONAL: Penha, Miro II e Risada; Alfredo, Mabília (Abbade) e Garnizé; Marreco, Venenoso, Tupan, Marroni e Patesko.
Apesar de mais descansado, o Botafogo foi novamente vencido cinco dias depois (20 de novembro), na Baixada, pelo Grêmio, pelo placar de 1 x 0, gol de Nenê.
O Botafogo efetuou algumas modificações em sua equipe, assim formada: Victor, Benedito e Rodrigues; Ariel, Martim e Canalli; Álvaro, Paulinho, Carvalho Leite, Russinho e Popó.
Já o Grêmio jogou com Lara, Dario e Sardinha I; Heitor, Poroto e Sardinha II; Lacy, Artigas, Luiz Carvalho, Foguinho e Nenê.
O árbitro da partida foi Heitor Deste.
O terceiro encontro do Botafogo em Porto Alegre aconteceu no dia 24 de novembro, na Chácara das Camélias, contra o Cruzeiro, de Porto Alegre. Vitória do Botafogo por 2 x 1, gols de Carvalho Leite e Martim, contra um de David. O time vencedor atuou com Victor, Benedito e Rodrigues; Ariel, Martim e Canalli; Álvaro, Paulinho, Carvalho Leite, Russinho (Almir) e Celso. O clube gaúcho levou a campo Baptista, Cauduro e Espir; Benê, Nestor e Russo; Javel, Ignácio, Octacílio, Fagundes e David. O árbitro foi Mário Cunha.
Para o grande encontro de 27 de novembro, contra a Seleção de Porto Alegre, no Eucaliptos, o time do Botafogo viu-se desfalcado, à última hora, de Carvalho Leite e Russinho que foram acometidos de violenta febre: era o terrível tifo!
Ainda assim, o Botafogo foi a campo e empatou brilhantemente o jogo em 1 x 1. Celso marcou o gol botafoguense e Ferreira o do selecionado porto-alegrense. Victor, Benedito e Rodrigues; Afonso, Ariel e Canalli; Álvaro, Paulinho, Martim, Russinho, Popó (Almir) (Rogério) e Celso defenderam as cores do Botafogo. O selecionado da capital gaúcha formou com Penha, Luiz Luz e Risada; Alfredo, Poroto e Benê; Ferreira, Tupan, Luiz Carvalho, Marroni e Patesko. Nestor Pereira foi o árbitro do jogo.
Foi aí que Victor, Martim, Paulinho, Canalli e Benedicto desligaram-se da delegação, seguindo por terra para Montevidéu (chefiados por Alarico Maciel), onde se juntariam à Seleção Brasileira que acabaria vencendo a Copa Rio Branco (2 x 1 no Uruguai), além de vencer os amistosos contra os dois mais poderosos clube do Uruguai: 1 x 0 Peñarol e 2 x 1 Nacional. Os jogos aconteceram nos dias 4, 8 e 11 de dezembro, respectivamente.
A alegria pelas vitórias no Uruguai contrastava-se com a tristeza em Porto Alegre, onde fôra confirmado o tifo nos jogadores Carvalho Leite e Russinho.
No dia 30 de novembro, com o quadro desfalcado, o Botafogo teve de recorrer ao empréstimo de seus antigos jogadores Luiz Carvalho, Octacílio e Benevenuto para formar a equipe que pudesse jogar contra o Força e Luz, em seu último compromisso na capital gaúcha. No estádio Moinhos de Vento, o Botafogo venceu por 3 x 2, tendo marcados os seus gols Luiz Carvalho (2) e Almir. Ferreira e Patesko (emprestado pelo Internacional) marcaram os tentos do Força e Luz. Formou o Botafogo com Pedrosa, Rogério e Rodrigues; Afonso, Ariel e Benevenuto; Álvaro, Octacílio (Almir), Luiz Carvalho, Popó e Celso. Atuaram pelo Força e Luz Lucindo, Luizelle e Amado; Lopes, Gradim e Álvaro; Ferreira, Negrito, Vanzetto, Dinga e Patesko.
A 1º de dezembro de 1932 embarcou de volta para o Rio de Janeiro a delegação do Botafogo, deixando Ariel para acompanhar os enfermos Carvalho Leite e Russinho, que ficaram no Hospital da Beneficência Portuguesa, entre a vida e a morte.
Mas, o pior estava por acontecer. Mal desembarcaram no Rio de Janeiro, adoeceram, vítimas do mesmo traiçoeiro tifo, Pedrosa, Álvaro, Almir, Benevenuto (que acompanhara os jogadores) e o zagueiro José Rodrigues que, não resistindo, faleceu a 7 de janeiro de 1933.
O NAUFRÁGIO DO ARAÇATUBA
A embarcação que levou o Botafogo até Porto Alegre, o Araçatuba, era um paquete do Lloyd Brasileiro.
Pouco tempo depois, mais precisamente em 5 de fevereiro de 1933, colidiu contra o molhe leste da Barra de Rio Grande. Alguns disseram que o acidente teria ocorrido à noite, devido à inexistência de um prático a bordo e deficiências na sinalização. Outras fontes relatam que a causa da colisão teria sido um forte temporal. A bordo, passageiros e mercadorias como tecidos, pneus, confete e lança perfume (para ser utilizado no Carnaval de Rio Grande). Todos os passageiros e tripulantes foram salvos. O Araçatuba foi mais um entre as dezenas de naufrágios na costa gaúcha.
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