segunda-feira, 3 de setembro de 2012

RETRATO EM PRETO E BRANCO: Aymoré Moreira


Aymoré Moreira nasceu em Miracema (RJ) no dia 24 de abril de 1912.
Em 1929, foi para o Rio de Janeiro, lutar boxe, mas acabou jogando futebol. Em seus primeiros jogos teve uma rápida passagem pela ponta-direita e depois se firmou como goleiro.
Corajoso, arrojado, compensava sua baixa estatura (1,72 m) jogando fora da pequena área. Impressionada com o seu estilo entre as traves, a imprensa brasileira que acompanhava seus jogos logo o caracterizou de “goleiro elástico e voador”.
Disputou os Campeonatos Cariocas de 1931 e 1932, promovidos pela Associação Metropolitana de Esportes Athléticos – A.M.E.A., pelo Sport Club Brasil.
Em 1933, transferiu-se para o América, por onde disputou o campeonato promovido pela Liga Carioca de Football.
Depois, em 1934, foi para o Palestra Itália (atual Palmeiras), onde sagrou-se campeão paulista no mesmo ano.
No final do ano de 1935, voltou para o Rio de Janeiro, para jogar no Botafogo, fazendo sua estréia no gol do Botafogo em 1º de março de 1936, durante a excursão que o clube alvinegro fez ao México e aos Estados Unidos.
Em sua primeira atuação pelo campeonato carioca (12 de julho de 1936, com vitória de 2 x 1 sobre o Madureira), obteve o seguinte comentário de “O Jornal” sobre sua atuação: “Observando os dois esquadrões, deveremos assinalar a performance de Aymoré, sem dúvida a maior figura em campo e um dos mais positivos fatores do triunfo conquistado pelos alvinegros”.
Duas semanas depois, 26 de julho de 1936, na derrota de 1 x 0 para o Vasco da Gama, o Correio da Manhã disse: “O clube local teve em Aymoré e Nariz duas grandes figuras. O mignon keeper está em ótima forma. Brilhou.”.
Nos anos de 1938 e 1939, Aymoré foi bicampeão brasileiro jogando pela Seleção Carioca.
Fez três partidas oficiais (e uma não oficial) pela Seleção Brasileira, contra a Argentina. Na primeira, em 18 de fevereiro de 1940, empate de 2 x 2; na segunda, 25 de fevereiro de 1940, derrota de 3 x 0 e, na última vez, 5 de março de 1940, sofreu cinco dos seis gols com que a Argentina goleou o Brasil por 6 x 1.
Seu último jogo pelo Botafogo foi em 10 de outubro de 1943, coincidentemente com o mesmo Madureira (2 x 2) contra quem estreara. Nessa época, já perdera a posição de titular no gol do Botafogo para Ary. Também chegara ao Botafogo o goleiro Oswaldo Baliza. Aymoré, então, passou a ser o terceiro goleiro do Botafogo.
Encerrou a carreira de jogador em 1946.
Depois de terminada a carreira de jogador e já formado pela Escola de Educação Física do Rio de Janeiro, Aymoré Moreira optou por continuar ligado ao futebol, iniciando sua carreira de técnico no Olaria, do Rio de Janeiro (RJ) em 1948.
Foi campeão brasileiro como treinador da Seleção Paulista em 1952.
Em 1953, técnico da Portuguesa de Desportos, ganhou a “Fita Azul”.
Assumiu a Seleção Brasileira pela primeira vez em 1953. Sua estréia como técnico da seleção foi em 1º de março de 1953. Perdeu o Sul-Americano daquele ano em Lima (Peru), mas em relatório entregue à Confederação Brasileira de Desportos – CBD criticou a entidade, que não lhe dera opções para fazer a convocação. Também ficou sem o cargo, mas hoje sabe-se que a atitude ajudou a mudar a postura dos dirigentes, permitindo aos futuros treinadores a liberdade de escolher os comandados.  Tanto que voltou à Seleção Brasileira em 1961 para ganhar o bicampeonato mundial em 1962 e seguir na seleção, com intervalos, até 1968.
Em 1954 passou a ser treinador do Palmeiras. Perdeu a decisão do título paulista em homenagem ao IV Centenário de Fundação da Cidade de São Paulo, para o Corinthians.
Tornou-se tricampeão brasileiro pela Seleção Paulista em 1955 e 1957.
Voltou a ser o treinador do Taubaté, de São Paulo, em 1958.
Conquistou um inédito tetracampeonato brasileiro pela Seleção Paulista, em 1959.
Dirigindo a Seleção Brasileira conquistou as Taças Bernardo O´Higgins (contra o Chile), em 1961, Osvaldo Cruz (contra o Paraguai), no mesmo ano e em 1962, Copa Roca (contra a Argentina), em 1962, e a Taça Rio Branco (contra o Uruguai), em 1967.
Em 1962, como treinador do São Paulo, perdeu o título de campeão paulista para o Santos.
Dirigiu a 1965 - Portuguesa de Desportos em 1965, o São Paulo em 1966, sagrou-se campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a Taça de Prata (mais tarde reconhecida pela CBF como campeonato brasileiro), com o Palmeiras, em 1967. Neste mesmo ano, dirigiu o Flamengo por seis meses (de 22 de outubro de 1967 a 9 de março de 1968), sem suceso. Foram 20 jogos, quando conquistou sete vitórias, três empates e dez derrotas.
A primeira vez como treinador do Corinthians aconteceu em 1968. Sua estréia foi em 11 de agosto, no amistoso em que o Corinthians empatou em 0 x 0 com o Ferroviário, de Araçatuba. Dirigiu o clube pela última vez em 24 de novembro, na derrota de 2 x 1 para o Fluminense, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa daquele ano. Se desentendeu com Osvaldo Brandão, que dividia com ele as atribuições do cargo na qualidade de supervisor.
Poucos dias depois, em 17 de dezembro de 1968, dirigiu a Seleção Brasileira pela última vez, no empate em 3 x 3 com a Iugoslávia. Foram 63 jogos à frente da Seleção Brasileira, obtendo 38 vitórias, 9 empates e 16 derrotas. Era o recordista de partidas pela Seleção Brasileira, título que só perdeu muito tempo depois para Zagalo e, em 2003, perdeu o segundo lugar para Carlos Alberto Parreira.
Retornou ao Corinthians em 26 de setembro de 1970, num jogo contra o Fluminense pela Taça de Prata daquele ano. Exerceu a função de olheiro para o técnico da Seleção Brasileira, Zagalo, na Copa do Mundo de 1970, conquistada pelo Brasil.
Em 1971 foi campeão do Torneio do Povo pelo Corinthians. Deixou o clube depois de um empate contra o Guarani (0 x 0), em 15 de abril, pelo Campeonato Paulista, sendo substituído por Francisco Sarno. Ao todo, foram 55 jogos na direção do Corinthians.
Dirigiu a Portuguesa de Desportos na maior goleada da história do clube, ocorrida em 2 de fevereiro de 1972: 12 x 1 contra o Ferroviário, de Oruro, Bolívia.
Foi para a Europa, mais precisamente em Portugal, quando foi treinador do Boavista, na temporada 1972/1973 e do F. C. Do Porto nos anos de 1974 e 1975. Também dirigiu o Panathinaikos, da Grécia.
Voltou ao Brasil em 1978, quando foi vice-campeão baiano, dirigindo o Vitória, naquele ano e no ano seguinte. Também dirigiu o rubro-negro baiano no Campeonato Brasileiro.
Passou a ser treinador do Galícia, em 1980, quando perdeu a final do campeonato baiano para o Vitória.
Em 1981, sagrou-se campeão estadual com o Bahia.
Dirigiu o Vitória nos dois primeiros turnos do Campeonato Baiano de 1984. Depois, passou para a Catuense e o clube venceu um dos turnos (o terceiro), ficando com o terceiro lugar na classificação final.
Aos 86 anos, no dia 26 de julho de 1998, morreu em Salvador (BA), vítima de falência múltipla de órgãos, insuficiência cardíaca, respiratória e renal. Vivia com uma aposentadoria de 600 reais por mês e completamente abandonado pelos amigos.


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